Relato do leitor

O uso informal da Filosofia Clínica.


A prática da Filosofia Clínica, fora do consultório, pode ocorrer em vários níveis.

A postura do filósofo é o primeiro nível, não precisamos estar dentro de um consultório para agir de forma adequada sem interromper as pessoas, sem ficar dando conselhos indiscriminadamente, expressando os nossos pré-juizos a todo momento e, principalmente, temos de saber guardar para nós o que os outros compartilham.

A simples prática de ouvir, utilizando-se do procedimento clínico, já é um diferencial e exige um pouco mais do filósofo. Colocar em prática os procedimentos de agendamentos mínimos, estar atento a saltos lógicos e temporais e á ordem cronológica das coisas é um nível mais avançado da prática clínica, mesmo que informal.

Em nossas conversações do dia-a-dia é possível identificar tópicos e submodos nas falas das pessoas. Ouvindo o que as pessoas estão dizendo é que teremos alguma chance de identificar tópicos, saber quando um pré-juizo está se manifestando, ver a emoção, os dados de semiose, enfim, fazer a leitura do que se manifesta. Desta forma a leitura do que se manifesta é mais um nível. Neste ponto é pertinente dizer que é possível e aconselhável também que o filósofo saiba fazer a leitura, inclusive, de si mesmo.

Até aqui o filósofo está numa fase epistemológica onde ele busca dados para que possa interagir com mais segurança. Porém, cabe dizer que a interação do filósofo clínico depende da Interseção que ele estabelece com o a pessoa. Para que o filósofo possa ir adiante é necessário que haja uma Interseção favorável a isso.

Algumas vezes temos pessoas próximas, queridas, vivendo situações complicadas e ao fazermos uma leitura da vida e do contexto em que a ela está vivendo, chegamos a considerar algumas possibilidades. Porém, por vezes, a interseção que temos com essa pessoa não possibilita um avanço. Somente com uma interseção favorável é que vamos conseguir tirar a historicidade da pessoa e atingir o nível mais avançado que é ter pleno conhecimento das Categorias, dos Tópicos, principalmente os determinantes e poderemos então planejar e usar os submodos.



Clailton Oliveira