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Relato do leitor

 
(11/Out) Categorias
 
Introdução aos Exames Categoriais da Filosofia Clínica



O uso de categorias na Filosofia Clinica segue a tradição Aristotélica Kantiana, porém, a adaptação destas para os fins clínicos exigiram algumas adequações.
O objetivo dos exames categoriais em clínica é localizar existencialmente o partilhante. As categorias são cinco: Assunto (Imediato e Último), Circunstancia, Lugar, Tempo e Relação. Com os exames categoriais saberemos a questão que levou a pessoa a procurar por um terapeuta, os fundamentos da questão, o contexto, os dados culturais, os lugares que a pessoa frequenta, como se sente nestes lugares, pesquisaremos seu tempo subjetivo, como está para ela o passado, presente e/ou futuro e sua relação com o mundo em geral.


1 - Assunto.

A categoria assunto divide-se em duas partes: Assunto Imediato e Assunto Último.

Assunto Imediato - É aquele que o partilhante traz no início da clinica: "foram mais de 20 anos de luta e agora estou vendo tudo se acabar". Assunto Imediato é a queixa, algumas vezes o sintoma e pode ser o objetivo que levou a pessoa a procurar a clínica: Problemas no estudo, no trabalho, com a família, etc.

Assunto Último - O Assunto Último está na raiz do Assunto Imediato. Problemas com aprendizado, por exemplo, pode ter uma série de fundamentos: Pode ser uma questão de mau relacionamento com alguém envolvido; pode ser pura falta de interesse; pode estar ligado a um problema físico como audição ou visão; dentro do contexto podemos identificar até uma emoção pelo caminho. Seja qual for o fundamento ou o assunto que se esconde por trás do Assunto Imediato, esse é o Assunto Último. Uma pessoa pode ter uma busca, e se a não realização desta busca for a causa de algum problema que trouxe o partilhante à clinica, podemos estimular a pessoa a ir em direção a esta busca, porém para estimularmos uma pessoa para que esta vá ao encontro de seu sonho (busca) temos de estar seguros de que as consequências farão sentido ao trabalho e que o trabalho é possível, não podemos correr o risco de uma frustração deixar a pessoa em piores condições que as anteriores. Uma das coisas a serem observadas são as Circunstâncias, a segunda Categoria.


2 - Circunstancias.

Circunstancias são os dados externos, são os dados que circundam um determinado assunto. Verificaremos as circunstancias que envolvem o assunto desde o ponto em que ele surgiu na história da pessoa, como se desenvolveu, o que enfrentou como obstáculo, o que teve de estimulo e daí por diante. Por exemplo, uma busca, uma pessoa que tenha como sonho ter um filho: pesquisaremos a possibilidade de levar a diante esta busca. Coisas como estrutura psicológica, condições financeiras, saúde, apoio de pessoas envolvidas, enfim, todos os dados que possam contribuir ou impedir a realização do objetivo (lembrando que quem vai dizer se um dado contribui positivamente ou negativamente à realização do objetivo é a historicidade da pessoa, são os parâmetros da própria pessoa e não o que o filosofo ou a sociedade entende de positivo ou negativo). Se o assunto for, por exemplo, uma separação conjugal, verificaremos quais circunstancias envolvem isto, o contexto da situação.

3 - Lugar.

A Categoria Lugar diz respeito a como a pessoa se sente sensorialmente nos lugares que frequenta: "quando estou no trabalho me sinto completo, eu gosto de trabalhar". A categoria lugar está muito ligada ao sensorial, ao corpo, verificaremos as sensações da pessoa relacionadas ao lugar. A relação do corpo com o ambiente em que a pessoa está inserida, se a pessoa se sente bem ou se tem algum tipo de incomodo. Na categoria lugar identificaremos o quanto do seu corpo (sentidos) a pessoa vive em seus endereços existenciais.

4 - Tempo.

A Categoria Tempo está relacionada ao tempo subjetivo da pessoa, como está a percepção de tempo da pessoa em relação ao tempo convencional do relógio. Para algumas pessoas o tempo passa muito rápido, "este ano voou nem vi passar", para outras pessoas o tempo não passa, "meu dias parecem uma eternidade, o que eu espero parece que nunca vai chegar". Percebemos que algumas fases da vida de algumas pessoas passam mais rápidas que outras, "Quando eu era criança tinha uma noção de tempo diferente, um mês parecia que não ia acabar nunca, eu fazia muitas coisas, hoje em dia não faço nada em um mês, passa muito rápido". Dependendo da companhia, do lugar ou das circunstancias o tempo pode passar mais lento ou mais rápido. Observaremos, principalmente, a relação do tempo subjetivo com o Assunto da clinica. Outro dado relevante em relação ao tempo é o tempo verbal que a pessoa usa quando está se comunicando, em alguns casos percebemos uma predominância no passado, outros no futuro e às vezes não tem predominância, "meu maior erro foi ter saído daquele emprego na Y, até hoje nunca mais tive a estabilidade que eu tinha lá....", "Quando aposentar é que vou aproveitar a vida, hoje em dia não tenho tempo, minha vida é só trabalho".
No processo de retirada da historicidade observaremos um dado importante relacionado ao tempo: Veremos como o partilhante organiza sua história temporalmente, este dado será importante para a realização dos dados divisórios. Quando necessitamos de mais algumas informações sobre a história do partilhante podemos fazer a coleta destas informações por períodos, neste caso dividimos a historia conforme os apontamentos do próprio partilhante. Podemos pesquisar períodos como: da quinta à oitava série, do primeiro emprego ao primeiro casamento, etc. Estudaremos mais detalhes deste assunto no capitulo Historicidade.
A questão temporal relacionada ao assunto da clinica pode apresentar variações interessantes: O assunto pode encontrar-se no passado e, quando este for o caso, estudaremos todo o contexto do referido tempo para que a questão seja trabalhada.

5 - Relação.

A categoria relação refere-se à relação da pessoa com o mundo a sua volta, a relação com pessoas e com situações em geral. Aqui aparecerá a relação da pessoa com sigo mesma, com amigos, colegas de trabalho, família, etc. Isto aparece da seguinte forma: "No meu trabalho tem uma moça que o jeito dela não combina com o meu", "às vezes eu gosto de ficar sozinho, principalmente quando tenho de tomar alguma decisão", "sempre conversei mais com a minha mãe do que com meu pai". Além da relação com pessoas, observaremos também a relação do partilhante com o mundo em geral: "adoro minhas plantas, todo dia eu molho, vejo como estão, estou sempre cuidando", "meu cachorro parece que me entende, é como se fosse um filho", "este carro sempre foi o meu sonho, é o melhor que já tive, agora estou realizado".
     

 
 
Como referenciar: "Relato do leitor" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 17/06/2025 às 00:35. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_relato.php?id=41