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Relato do leitor
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(27/Set) | O MUNDO COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO | ||
Resumo Livro Primeiro
ARTHUR SCHOPENHAUER O MUNDO COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO LIVRO PRIMEIRO O MUNDO COMO REPRESENTAÇÃO Primeiro ponto de vista A representação submetida ao principio de razão suficiente: O objeto da experiência e da ciência §1 O mundo é a minha representação. Nenhuma verdade é pois, mais certa, mais absoluta, mais evidente do que esta: tudo o que existe, existe para o pensamento, isto é, o universo inteiro apenas é objeto em relação a um sujeito, percepção apenas, em relação a um espírito que percebe, numa palavra é pura representação. Esta lei é verdadeira para o próprio tempo e o próprio espaço, graças aos quais as representações particulares se distinguem uma das outras. §3 A maior diferença a assinalar entre as nossas representações é a do estado intuitivo e do estado abstrato. A representação intuitiva compreende todo o mundo visível, ou a experiência em geral, com as condições que a tornam possível. As representações de ordem abstrata formam apenas uma única classe, a dos conceitos, apanágio exclusivo do homem neste mundo. §4 O tempo e o espaço podem ser conhecidos pela intuição, cada um em si e independentemente da matéria, esta, pelo contrário, não poderá ser apercebida sem eles. Por um lado, a própria forma da matéria, que ao podermos separar, pressupõe já o espaço; e, por outro lado, a sua atividade, que é todo o seu ser, implica sempre qualquer mudança, isto é, uma determinação do tempo. Ora, constituindo a causalidade a própria essência da matéria, se a primeira não existisse, a segunda desapareceria também. A lei que regula mudanças. Se o mundo existisse unicamente no espaço, seria rígido e imóvel: não haveria sucessão, nem mudança, nem ação; uma vez suprimida a ação, a matéria sê-lo-ia do mesmo modo. Se o mundo existisse unicamente no tempo, então não haveria permanência, nem justa posição, nem simultaneidade, e, por conseqüência, não haveria duração: também não haveria matéria como a pouco. O entendimento transforma sensações em intuição quando liga o efeito à causa. A causalidade é anterior à experiência. Do mesmo modo que o aparecimento do sol revela o mundo visível, também o entendimento, pela sua ação súbita e única, transforma em intuição o que não era se não uma sensação vaga e confusa. Esta intuição não é de modo algum constituída pelas impressões experimentadas pela vista, ouvido, mão: isso são simples dados. Apenas após o entendimento ter ligado o efeito à causa, o mundo aparece, extenso como intuição no espaço, mutante na forma, permanente e eterno enquanto matéria, visto que o entendimento reúne o tempo ao espaço na representação da matéria, sinônimo de atividade. Existe apenas um meio de determinar que a noção de causalidade é independente de experiência e que é absolutamente a priori: é mostrar que, pelo contrário, a experiência está sob a sua dependência. § 7 O materialismo é um esforço para explicar pelos dados mediatos o que é dado imediatamente. Ele considera a realidade objetiva, extensa, ativa, numa palavra, material, como um fundamento tão sólido, que as suas explicações não deixam nada a desejar, desde o momento que são apoiadas num tal princípio, corroborado ele mesmo pela lei da ação e da reação. Ora esta suposta realidade objetiva é um dado puramente mediato e condicionado; ela tem apenas uma existência completamente relativa: a coisa, com efeito, deve passar primeiro pelo mecanismo do cérebro e ser transformada por ele, entrar em seguida nas formas do entendimento, tempo , espaço, causalidade, antes de aparecer, graças a esta última elaboração, como extensa no espaço e ativa no tempo. E é por um dado desta natureza que o materialismo se gaba de explicar o dado imediato da representação (sem o qual o primeiro não poderia existir), que digo eu? A própria vontade, enquanto que é ela, pelo contrário, que torna inteligíveis todas estas forças primitivas cujas manifestações são reguladas pela lei de causalidade. A afirmação, de que o pensamento é uma modificação da matéria, será sempre permitido opor a afirmação contrária, de que a matéria é um simples modo do sujeito pensante, por outras palavras, uma pura representação. A última contradição, a que fomos necessariamente conduzidos, é todavia resolvida pela consideração seguinte: pode-se dizer, falando a linguagem de Kant, que o tempo, o espaço e a causalidade pertencem, não à coisa em si, mas ao fenômeno de que são a forma, o que pode traduzir-se na terminologia que adoto: o mundo objetivo, ou o mundo como representação, mas este não é a única face do universo, é, por assim dizer, apenas a sua superfície: ha além disso, a face interna, absolutamente diferente da primeira, essência e núcleo do mundo e verdadeira coisa em si. È ela que estudaremos no livro seguinte e que designaremos pelo nome de vontade, sendo a vontade a objetivação mais imediata do mundo. § 9 Os conceitos formam uma classe especial de representações, inteiramente distintas das representações intuitivas de que se tratou até agora, visto que elas apenas existem no espírito humano. Além disso é impossível chegar a um conhecimento intuitivo e absolutamente evidente da sua própria natureza; a idéia que se pode fazer é ela própria puramente abstrata e discursiva. Seria, pois, absurdo exigir uma demonstração experimental, se se entende por experiência o mundo exterior e real, que é apenas representação intuitiva: é impossível colocar estas questões debaixo dos olhos ou apresenta-las à imaginação, como se se tratasse de objetos perceptíveis aos sentidos. Explica-se que o animal não seja capaz nem de falar nem de compreender, embora possua como nós órgãos da linguagem e as representações intuitivas: é porque as palavras designam esta classe particular de representações, correspondente à razão no sujeito, que elas não tem significado e são ininteligíveis para o animal. Trata-se aqui, não das representações intuitivas, mas das representações abstratas e gerais. Arthur Schopenhauer (1788 – 1860), filósofo alemão nascido em Dantzig. Partindo essencialmente de Kant, Schopenhauer considera o mundo de nossa experiência como representação. Para Schopenhauer a vontade de viver designa uma força universal de todos os seres. A vontade se manifesta na força cega da natureza e encontra-se na conduta do homem. Bibliografia. SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo como Vontade e Representação: Porto - Portugal, Rés |
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Como referenciar: "Relato do leitor" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 16/06/2025 às 23:53. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_relato.php?id=37