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Relato do leitor

 
(12/Jul) Estruturação do Raciocínio
 

Estruturação do Raciocínio

No fim do mês passado fui a uma festa junina e vi um balão, há muito tempo eu não via um balão tão bonito, ele cortava o céu solitário. Preocupou-me o fato de que não chove há quase um mês e a estiagem junto com o frio nesta época do ano deixa a vegetação muito mais seca.

Vi quando uma criança perguntou ao pai:
__ por que o balão sobe?
__ Porque o ar dentro do balão é mais leve que o ar de fora.
__ Por que o ar do balão é mais leve?
__ Porque é mais quente. Aquele fogo que você está vendo embaixo dele é que aquece o ar de dentro. Quanto mais quente mais leve se torna o ar. Entendeu?
__ Mais ou menos.
__ Quando você está na piscina e joga um brinquedo de plástico ele fica por cima da água, mesmo que você leve o brinquedo para o fundo ele sobe novamente, isso porque ele é mais leve que a água, se fosse mais pesado ficaria no fundo. A terra é como uma piscina gigante cheia de ar, quando alguma coisa é mais leve que o ar, ela sobe.
__ E o ar tem pesa?
__ Sim, e o ar quente é mais leve que o frio.

A busca pelos porquês é uma característica facilmente encontrada na seara da razão. Para algumas pessoas pode ser mais importante saber o porquê de alguma coisa ter acontecido do que o próprio acontecimento.

A ciência é filha do raciocínio. A razão é o que proporciona o raciocínio. O raciocínio é a capacidade que o cérebro tem de fazer conexões lógicas entre as experiências ou vivencias, ideias, pensamentos e necessidades.

A argumentação é uma propriedade do raciocínio, os porquês que usamos em nossas explicações são o anuncio do argumento que vem logo em seguida defender uma afirmação.

Uma razão bem estruturada tem bons argumentos para defender suas afirmações, um raciocínio menos estruturado apresentará argumentações frágeis, que são facilmente contra-argumentadas e derrubadas.

A argumentação lógica fundamenta as verdades de quem utiliza a razão, para quem se estrutura dando maior força a outros tópicos a argumentação pode ser dispensada. Algumas pessoas utilizam a razão para algumas questões, para outras utilizam os Pré-juizo, as Emoções, Termos Agendados no intelecto, etc. Assim é possível acreditar em coisas dispensando argumentações e ao mesmo tempo usar a razão para outras, resolver uma equação, por exemplo.

A noção de causa e efeito é muito presente em pessoas cerebrais, assim uma pessoa pode fazer algo já pensando nas consequências ou no efeito de sua ação, isso implica em certo planejamento, ou como se diz, em pensar antes de fazer. Sabendo que o ar quente sobe, esperamos que o balão suba quando o ar de seu interior for aquecido.

Mesmo em situações que fogem do controle de uma pessoa a razão pode ser investigada, assim a pessoa pode querer saber o porquê de tudo acontece em sua vida. Diante de uma demissão no trabalho a pessoa pode precisar do motivo, da causa do desligamento, o fato de estar desempregada não a preocupa tanto quanto saber o motivo. Sabendo o porquê de sua demissão irá seguir normalmente, porém, se não souber, ficará buscando essa resposta. Assim acontecerá em muitas situações: Por que a relação acabou; por que o filho saiu de casa; por que o projeto não deu certo, etc.


Outra característica da razão é a capacidade de pesar os prós e os contras ou os ganhos e as perdas diante de uma decisão. Neste caso toma-se uma decisão com base no que for mais conveniente neste sentido.

Algumas pessoas não tem um bom raciocínio ou não sabem lidar adequadamente com ele, porém insistem em tê-lo como guia, é como um profissional que não sabe manejar a ferramenta ou um músico que não domina seu instrumento. As veze é possível aprender a lidar com a razão, outras vezes os resultados serão melhores se utilizarmos outros recursos como os Termos Agendados no Intelecto, os valores (Axiologia), os sentidos (Sensorial) a Expressividade, a Busca, etc. O ser humano é muito mais que razão e pode muita coisa mesmo sem ela, não é demérito nenhum deixar a razão em segundo plano.

Muitas vezes a razão aparece em uma Estrutura de pensamento como tópico intermediário. Uma pessoa pode ter um ótimo raciocínio mesmo que ele não seja um tópico determinante. Neste caso a pessoa pode ser ótima em cálculos, perceberá com facilidade as contradições, poderá ter muitas características que citamos acima como razão, porém na hora de tomar uma decisão na vida prática outro tópico aparece com maior força e decide.

A razão poderá então trabalhar como tópico de apoio a uma decisão tomada pela Emoção, pela Intuição, pela Busca, por um Pré-Juizo entre outros.

A razão pode ser considerada como algo imprescindível no desenvolvimento do homem. Em vários momentos a razão parece ter sido algo determinante para a sobrevivência da espécie humana. Nossos ancestrais desprovidos de garras, de dentes e mandíbulas para uma dieta carnívora foram capazes de utilizar ferramentas e recursos que permitiram essa alimentação. Mesmo sem uma pele adaptada para o frio fomos capazes de suporta-lo, mesmo sem azas somos capazes de nos deslocar pelo ar, mesmo sem brânquias podemos nadar submersos na água. Não caberia em um livro inteiro tudo que a razão proporcionou ao homem, desde o suprimento das necessidades básicas de sobrevivência passando pelo conforto até a realização de meros caprichos.

Por outro lado, a existência do homem vai muito além de tudo isso que a razão pode nos proporcionar, para algumas pessoas a fé é indispensável, neste campo podemos encontrar conforto para a alma em questões que passam muito longe dos fundamentos da razão, acreditamos e isso basta. A emoção também costuma desafiar os critérios da razão, muitas vezes vimos a felicidade de uma pessoa se concretizando em sentimentos e realizações que a razão desconhece. O que dizer dos prazeres proporcionados por nossos sentidos? Poderíamos também aqui listar uma infinidade coisas que são indispensáveis para o homem e que nada tem a ver com a razão.

Mas não se engane, algumas vezes a razão pode estar com quem sabe ouvir o coração, quem segue a intuição, quem tem fé.
     

 
 
Como referenciar: "Relato do leitor" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 17/06/2025 às 04:44. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_relato.php?id=28