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Relato do leitor
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(10/Mai) | Termos Universais Particulares e Singulares | ||
Termos: Universais Particulares e Singulares
Já estamos ouvindo os políticos anunciarem suas campanhas. Em ano de eleições os discursos se multiplicam. Curioso é a dissociação que pode acontecer entre os termos e os conceitos. Os termos universais, particulares e singulares são um prato cheio no sofisma político. Quando um político diz que seu governo fará o que é melhor para toda a população, que todos estarão bem representados no poder, podemos então nos perguntar se o conceito de todos para este político é o mesmo que temos. Todos é um termo universal, assim como nenhum. Quando usamos a palavra todos, estamos incluindo todos, e quando usamos nenhum, estamos excluindo todos. Sempre que o termo se referir ao todo, este será universal. Dessa forma quando ouvimos um político dizer que será melhor para todos, temos em nossa mente a imagem de todas as pessoas, toda a população, inclusive nós. Mas eu pergunto: Será que a imagem que se forma na cabeça do político compreende realmente o todo? Será que estamos de fato incluídos no todo do político? Podemos notar que é possível usar um termo universal em nossa fala e formar um conceito singular ou particular em nossa mente. Quando alguém diz todos, nem sempre a imagem em sua mente é de fato o todo, pode ser de parte do todo. O todo de uma pessoa pode se referir aos seus amigos, à sua família, seus credores, seu partido, etc. Se for assim, o todo desta pessoa se refere a algumas pessoas, ela usa um Termo universal para se referir à parte (conceito particular). Alguns é um termo particular. O termo particular se refere a uma parte do todo, nunca ao todo. Mas a distorção ainda pode ser maior. Uma pessoa pode usar um termo universal e formar um conceito singular. Ele pode dizer que será melhor para todos e em sua mente formar a imagem de si próprio. Neste caso de apenas uma pessoa. Quando nos referimos a uma única pessoa, a um único objeto, enfim, quando nos dirigimos ao único, estamos usando um termo singular. Porém, como vimos acima, é possível que uma pessoa use um termo universal, falando como se se referisse ao todo, mas formando em sua mente um conceito singular, pensando em apenas um, em si próprio. Notamos desta forma que este tópico se refere a quantificação. Sempre que uma pessoa quantifica alguma coisa devemos lembrar deste tópico. Nem sempre a quantificação aparece da forma exemplificada acima. Uma pessoa pode dizer que trabalhou três anos em uma empresa, que tem 27 anos e que vai fazer um curso de dois anos. A presença de números indica uma tendência a quantificação. A importância disso no dia-a-dia é a possibilidade que temos de levar uma pessoa em direção a conceitos universais (se isso for ajudar em alguma coisa), levar uma pessoa a ver o todo. Algumas pessoas podem ver apenas uma parte de uma questão, de um problema, e a visão do todo pode ajudar. Por outro lado é possível também levar uma pessoa em direção ao singular, pois algumas pessoas olham apenas para o todo e algumas questões exigem que as células sejam analisadas separadamente do todo, precisam ser olhadas de perto. E também veremos pessoas que pela facilidade de quantificar e de usar números, acabam por montar equações existenciais e precisam ou buscam um resultado para essas equações. Para levar uma pessoa em direção ao universal podemos fazer perguntas onde a resposta a obriga a considerar as pessoas ou os fatos num sentido amplo: O que você acha que aconteceu com aquela pessoa? Porque tal pessoa agiu assim? Dessa forma uma pessoa que vive apenas dentro do seu (singular) mundo, começa a ver o mundo de outras pessoas, em direção ao universal. Não atingiremos o universal, mas iremos em direção a ele. Para levar uma pessoa em direção ao termo singular focamos as perguntas em apenas uma questão ou objeto, sempre levando a pessoa a considerar um único ponto. Ela pode, por exemplo, estar precisando olhar para uma pessoa ao seu lado, ou para si mesma. Quando uma pessoa diz todos estão comigo. Podemos perguntar: de quem, especificamente, você está falando? Me dê um exemplo. No caso das equações que as pessoas montam acontece mais ou menos assim: Dediquei-me por dois anos a este relacionamento, trabalhei por três anos nesta empresa. E agora, o que restou pra mim? Meu patrão me demitiu, minha namorada terminou o namoro. Eu não posso ficar com as mãos vazias, preciso de uma recompensa. Quantas coisas relevei, abri mão de minha vontade, engoli sapo, e agora? Então através da historicidade do partilhante vamos buscar algum resultado que possa existir, e que ele por algum motivo, simplesmente, não está vendo. Tirando a historicidade dessa pessoa poderemos encontrar momentos de alegria, de diversão, de aprendizagem e muitas coisas mais. Porém, não podemos simplesmente apresentar estes momentos como um resultado. Precisamos encontrar algo que tenha peso para ele, que realmente se apresente como um resultado positivo, segundo as medidas dele. Não podemos levar nossas medidas para a conversa. Se os momentos citados acima tiverem relevância para ele, estes momentos podem ser apresentados. Mas o resultado também pode ser um carro, algo material, depende da E.P da pessoa. A advertência que cabe aqui é de que um procedimento como o demonstrado acima não pode ser aplicado sem que toda a historicidade de uma pessoa tenha sido tirada. Que devemos saber previamente o objetivo do que estamos fazendo e devemos prever o resultado com um mínimo de segurança. Não se pode levar uma pessoa do universal para o singular e vice versa sem ter conhecimento suficiente sobre a pessoa. Este trabalho não é uma loteria. Um movimento errado pode levar a pessoa a problemas desnecessários para o momento. Podemos piorar as coisas ao invés de melhorar. |
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Como referenciar: "Relato do leitor" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 17/06/2025 às 04:06. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_relato.php?id=23