Relato do leitor

Em contabilidade sempre que movimentamos uma conta de crédito temos de movimentar também uma conta de débito. Ou seja, um crédito sempre gera um débito e vice versa. Uma movimentação financeira movimenta no mínimo duas contas.

Quando entra um crédito em uma conta, necessariamente há um débito em outra. Tendo saído uma mercadoria do Estoque, deve-se entrar o valor em moeda no Banco ou o direito de receber na conta de Duplicatas a Receber.

Se comprarmos algo, contraímos o dever de pagar. Se vendemos algo, contraímos o direito de receber. O total de créditos sempre deve ser igual ao total de débitos.

A questão vai muito além disso porém, o objetivo aqui é demonstrar que para todo débito necessariamente haverá um crédito.

Esta é uma formula matemática criada para controlar bens e finanças de empresas e instituições.

O que me chama a atenção é ver algumas pessoas usando esta mesma formula em suas vivencias do dia-a-dia.

Alguns amigos fazem favores, ajudam sempre que podem e se comportam como se tivessem um crédito com a outra pessoa. Quando o outro menos espera eis que chega a cobrança.

Em um relacionamento amoroso algumas pessoas fazem agrados como se estivem acumulando créditos e depois cobram algo em troca, como que para equilibrar as contas.

Até com Deus esta negociação ocorre. Algumas pessoas prometem coisas a Deus em troca de outras. E mesmo os pais ensinam isso para as crianças: “Deus castiga se você fizer coisas erradas”, como se a criança ficasse em débito e o castigo representasse o crédito.

O problema ocorre de fato quando as pessoas não entram em um acordo na hora de contabilizar as contas. Uma diz ter algo a receber a outra não reconhece que deve pagar; uma diz que se dedicou mais ao relacionamento, a outra diz que amou mais; uma diz que abriu mão de muitas coisas e que não recebeu nada em troca. E assim seguem a vida buscando um equilíbrio, ou um resultado para suas equações.


Aurélio