Você está em Pratique > Provas

Provas de concursos e vestibular

 
(31/Mar) SESI - PA - CONED - 2015
 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

QUESTÃO - 26
Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: "Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio", pois na segunda vez não somos os mesmos, e também as águas mudaram. (Aranha; Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2013. p. 27).
Com base nesse pressuposto, Heráclito (535-475 a.C) que nasceu em Éfeso, na Jônia, procurou compreender a multiplicidade do real. Ao contrário de seus contemporâneos - como Parmênides -, Heráclito não rejeitava as contradições e queria apreender a realidade na sua mudança, no seu devir. Sendo assim, com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Heráclito, é correto afirmar-se que
A) para Heráclito, o ser é o múltiplo, não apenas no sentido de que há uma multiplicidade de coisas, mas por estar constituído de oposições internas. O que mantém o fluxo do movimento não é o simples aparecer de novos seres, mas a luta dos contrários, pois "a guerra é pai de todos, rei de todos". É da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários.
B) a filosofia, que fora até então concebida como um monólogo intelectual, a partir de Heráclito, é transformada em um diálogo. Só por meio do pensamento dialógico ou dialético, pode-se abordar o conhecimento da natureza.
C) uma das consequências da teoria de Heráclito é a identidade entre o ser e o pensar: ao pensarmos, pensamos algo que é, e não conseguimos pensar algo que não é.
D) para Heráclito, de fato, a estrutura do mundo, a ordem cósmica, não é apenas uma organização magnífica, mas também uma ordem análoga à de um ser vivo. O mundo material, o Universo todo, é, no fundo, como um gigantesco animal do qual cada elemento - cada órgão - seria admiravelmente concebido e agenciado em harmonia com o conjunto.
E) segundo Heráclito, todos os fatos da realidade podem ser conhecidos pelas relações necessárias de causa e efeito que os produzem, os conservam ou os destroem.

QUESTÃO - 27
Leia estes dois pequenos textos:
TEXTO I
(...) enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procurava. (DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 54. Coleção Os Pensadores).
TEXTO II
Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, acumulam e usam as provisões; os racionalistas, à maneira das aranhas, de si mesmos extraem o que lhe serve para a teia. A abelha representa a posição intermediária: recolhe a matéria-prima das flores do jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere. (BACON, Francis. Novum organum. São Paulo: Abril Cultural, 1973. P. 69. Coleção Os Pensadores).
A alternativa, que expressa, o problema central da filosofia moderna de Descartes e Bacon, é
A) a filosofia moderna, influenciada pelas teorias de Descartes e Bacon, desprezou a herança medieval. Valorizando o conhecimento teórico em detrimento das atividades práticas, ou seja, a ciência moderna voltasse a discussão racional afastando-se da pesquisa empírica.
B) na filosofia moderna, o problema central está na capacidade humana da razão em conhecer e demonstrar a verdade dos conhecimentos, ou seja, a concepção da realidade como racional e plenamente captável.
C) a partir de Descartes e Bacon o saber científico deve ser expurgado de conceitos vazios e dos falsos problemas metafísicos. Isso significa que tudo que não tiver possibilidade de verificação é desprovido de sentido.
D) Descartes e Bacon, admitiam que nem todo conhecimento se limita exclusivamente à experiência.
E) a filosofia moderna parte do argumento que a matemática não é uma ciência em si, mas pode ser uma ferramenta ou instrumento importante na busca do conhecimento verdadeiro.

QUESTÃO - 28
Leia o extrato seguinte para construir sua análise: "O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à "lógica"; é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofisma). Mas o mito tem por finalidade apenas a si mesmo. Acredita-se ou não nele, conforme a própria vontade, mediante ato de fé, caso pareça "belo" ou verossímil, ou simplesmente porque se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em toda as suas criações". (GRIMAL, Pierre. A mitologia grega. São Paulo: Brasiliense, 1982, p.8-9).
Esse extrato permite que afirme:
I - Antes de interpretar o mundo, o homem o deseja ou o teme pela fantasia e pela imaginação.
II - O mito, ao se ocupar do ser humano, tem como finalidade provocar uma reflexão sobre sua natureza.
III - O mito são narrativas pitorescas que transcendem a existência comum cotidiana e que se enraízam em diferentes culturas.
IV - O mito busca transformar experiência vivida em experiências compreendidas.
Somente estão corretas as afirmativas
A) I, II e III
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) II e IV
E) I e III

QUESTÃO - 29
Leia o texto:
"Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupa com o que se deveria fazer em vez de que se faz aprende antes a ruína própria do que o modo de se preservar (...). Assim é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade". (MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. P. 36).
Complementando essa ideia, para Maquiavel, o ponto de partida da política é que
A) não pode haver a divisão social entre os grandes e o povo.
B) a sociedade seja originariamente homogênea, portanto o bom governo, segundo Maquiavel, deve ser voltado para o bem comum. Essa imagem clerical de divisão entre os grandes e os pequenos, que durou por toda Idade Média, é apenas uma máscara.
C) a finalidade da política seja a justiça e o bem comum, como diziam os políticos gregos. O verdadeiro príncipe é aquele que sabe conquistar o poder, para isso, deve juntar-se aos grandes, pois estes são seus verdadeiros aliados. A verdadeira política é a lógica racional da justiça e da ética.
D) o príncipe deva ser respeitado e temido - o que só é possível se não for odiado. Significa, em segundo lugar, que não precisa ser amado, pois isto o faria um pai para a sociedade e, sabe-se, um pai conhece apenas um tipo de poder, o despótico. A virtude política do príncipe aparecerá na qualidade das instituições que soube criar e manter e na capacidade que tiver para enfrentar as ocasiões adversas, isto é, a fortuna ou sorte.
E) o príncipe precisa ter virtu, mas esta é propriamente política, referindo-se às qualidades do dirigente para tomar e manter o poder, mesmo que, para isso, deva usar a violência, a mentira, a astúcia e a força. A tradição afirmava que o governante devia ser temido pelo povo. Maquiavel afirma que o príncipe dever ser amado.

QUESTÃO - 30
O "período conhecido como Renascimento, espera-se fazer renascer o pensamento, a ciência, as artes, a ética, as técnicas e a política que haviam sido desenvolvidos antes que a Igreja e os teólogos tivessem tomado para si o privilégio do saber e a autoridade para decidir o que poderia e o que não poderia ser pensado, dito e feito." (CHAUÍ, M. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática. P. 332, 2014).
Desse tal modo pode-se corretamente afirmar que, durante o renascimento, Esparta, Atenas e Roma são tomadas como exemplo de:
A) liberdade republicana.
B) poder teológico-político.
C) vita contemplativa.
D) monarquia.
E) democracia.

QUESTÃO - 31
Leia e compare os fragmentos a seguir:
"Quando alguém transfere seu direito, ou a ele renuncia, fá-lo em consideração a outro direito que reciprocamente lhe foi transferido, ou a qualquer outro bem que daí espera. Pois é um ato voluntário, e o objetivo de todos os atos voluntários dos homens é algum bem para si mesmos. (...) A transferência mútua de direitos é aquilo a que se chama contrato". (HOBBES, T. O Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 115).
"A passagem de estado de natureza para o estado civil determina ao homem uma mudança muito notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça e dando às suas ações moralidade que antes lhe faltava. É só então que, tomando a voz do dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem, até aí levando em consideração apenas a sua pessoa, vê-se forçado a agir baseando-se em outros princípios e a consultar a razão antes de ouvir suas inclinações". (ROUSSEAU. J. Do Contrato Social. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 33-36. (Os Pensadores).
Com base nestes fragmentos e sobre as teorias políticas dos séculos XVII e XVIII, a alternativa, que melhor complementa as ideias, expressas neles, é
A) tanto Hobbes como Rousseau concordam que, só por meio de uma revolução social, é possível terminar com a exploração e a dominação de classes, fundadas na propriedade privada.
B) as teorias políticas de Hobbes e Rousseau demonstram que o poder político resultará no poder imperial centralizado e hierarquizado, desenvolvendo um complexo sistema estatal que se estende como uma rede intrincada de pequenos poderes por toda a sociedade civil organizada.
C) as teorias de Hobbes e Rousseau têm como ponto comum o fato de que a finalidade da política é a justiça, entendida como concórdia entre os cidadãos, conseguida na discussão pública de opiniões e interesses contrários.
D) o estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando o poder da força ou a vontade do mais forte. Em toda parte reinam a insegurança, a luta, o medo e a morte. Para fazer cessar esse estado de vida ameaçador, os humanos decidem passar à civitas ou à sociedade civil, isto é, ao estado civil, criando o poder político e as leis.
E) em oposição às teorias renascentistas, Hobbes e Rousseau afirmam o caráter natural da sociedade e da justiça. Embora ambos concordem nesse aspecto, diferem no modo como concebem a própria justiça.

QUESTÃO - 32
Os dois textos abaixo rementem para a ética aristotélica. Leia-os com atenção.
Texto I
"Quando estava ganhando vinte mil dólares por ano, achei que era capaz de ganhar cem mil. Quando já ganhava cem mil por ano, achei que poderia ganhar duzentos mil. Quando estava ganhando um milhão de dólares por ano, achei que poderia ganhar três milhões. Havia sempre alguém num degrau mais alto que o meu, e eu não conseguia parar de pensar: será que ele é realmente duas vezes melhor do que eu?" (Apud.: GALO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2014, p. 141. Palavras do banqueiro norte-americano Dennis Levine, citada em: SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 1998. P. 351).
Texto II
"Os fins são vários e nós escolhemos alguns dentre eles (...) segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, só existe um fim absoluto (...). A felicidade é algo absoluto e autossuficiente, sendo também a finalidade da ação." (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Livro I. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os Pensadores).
Com base nos textos, a alternativa que explica melhor a ética aristotélica é
A) segundo Aristóteles, o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor.
B) Aristóteles foi enfático ao dizer que a razão não fundamenta a moral, pois esse é o papel do sentimento. O máximo que a razão pode fazer é colaborar com as paixões, orientando-as.
C) por natureza, somos passionais, e a tarefa primeira da ética é educar nosso caráter ou nossa natureza para seguirmos a orientação da razão. A riqueza, por exemplo, é um meio para se atingir um fim, mas não pode ser tomada como um fim em si mesma.
D) Aristóteles distingue as coisas que têm preços e as que têm dignidade. As que têm preço podem ser trocadas por um valor equivalente, mas as que têm dignidade valem por si mesmas e estão acima de qualquer preço.
E) Explica Aristóteles que vivemos na companhia dos outros seres humanos e somos todos movidos por paixões, as quais podem tornar-nos contrários uns aos outros e inimigos uns dos outros. O ser humano desconhecendo a moderação acaba sendo vítima de si mesma.

QUESTÃO - 33
Seguindo este pensamento: "Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência". (MARX, K. A ideologia alemã. In; VV. AA. Os filósofos através dos textos. São Paulo: EDUSC, 1997, p. 254), a principal contribuição do marxismo para as ciências humanas é:
A) Marx propôs que as ciências humanas trabalhassem seus objetos não como fatos empíricos, mas como tipos ideais, ou seja, a partir de elaborações conceituais que permitem compreender e interpretar fatos particulares observáveis.
B) o marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são instituições sociais e históricas produzidas não pelo espírito e pela vontade livre dos indivíduos, mas pelas condições objetivas nas quais a ação e o pensamento humanos devem se realizar
C) segundo Marx, o todo não é a soma das partes nem um conjunto de relações causais entre elementos isoláveis, mas um princípio ordenador, diferenciador e transformador.
D) Marx questionava como transformar o ser humano, que é permeado pela subjetividade, em objetividade sem destruir essa sua principal característica.
E) o marxismo permitiu que fosse feita a diferença entre "natureza" e "homem". Também diferenciado internamente em essências diversas (o psíquico, o social, o histórico, o cultural), o que garantiu às ciências humanas a delimitação e a definição de seus objetos.

QUESTÃO - 34
Preencha as lacunas do enunciado com os termos indicados nas alternativas: "Podemos falar em dois grandes momentos de teorização da arte. No primeiro, inaugurado por (_______) e (_______), a Filosofia trata as artes do ponto de vista da (________); no segundo, a partir do século XVIII, do ponto de vista da (________) com (______________)".
A sequência correta é
A) Sócrates, Platão, técnica, Filosofia da arte, Kant.
B) Agostinho, Tomaz de Aquino, arte mecânica, bela-arte, Hegel.
C) Homero, Hesíodo, beleza, Indústria Cultural, Adorno.
D) Kant, Hegel, sensibilidade, reprodutividade técnica, Walter Benjamin.
E) Platão, Aristóteles, poética, estética, Alexandre Baumgarten.

QUESTÃO - 35
Observando este fragmento: "A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a primeira baseia-se em pesquisa, investigações metódicas e sistemáticas e teorias necessariamente coerente e verdadeira. A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional". (CHAUÍ, M. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, p. 291, 2014).
Pergunta-se, entretanto, qual a distinção entre ciência e filosofia?
A) Ciência é baseada em teorias qualitativas e a filosofia em teorias quantitativas. Aristóteles distingue dois tipos de conhecimento racional: os dialéticos e os científicos.
B) A ciência é indissoluvelmente ligada à técnica, enquanto filosofia é teoria metafísica. O que há em comum entre filosofia e ciência é o fato que ambas as formas de conhecimento começam a examinar as contradições das aparências.
C) A filosofia busca criticar as ciências ao discutir a validade de seus princípios, procedimentos de pesquisa, resultados, formas de exposição dos dados e das conclusões, todavia não é papel primordial da ciência discutir questões éticas.
D) Ciência é operativa, enquanto a filosofia é contemplativa. Neste caso, uma análise crítica se realiza como conhecimento e ação.
E) A ciência lida com fatos regidos pela necessidade causal ou pelo princípio do determinismo universal. No caso da filosofia não há como dar uma explicação objetiva necessária àquilo que, por essência, é contingente, pois é livre e age por liberdade.

GABARITO:
26A
27B
28E
29D
30A
31D
32C
33B
34E
35C
     

 
 
Como referenciar: "Provas - SESI - PA - CONED - 2015" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 02:28. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_prova.php?id=196