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Provas de concursos e vestibular
(28/Mar) | Professor de Filosofia - Piauí - Universidade Estadual do Piauí - 2012 | |||
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
21. A Estética, como área de investigação autônoma da Filosofia, distingue-se como tal pelos seus objetos de pesquisa, suas perguntas, problemáticas e métodos específicos. A esse respeito, marque a alternativa que NÃO corresponda a uma caracterização da estética filosófica. a) "Existe uma estética não-filosófica, que se diferencia da filosófica menos por seus objetos e mais por seus métodos". b) "Os objetos da estética filosófica podem ser não apenas coisas, mas também acontecimentos, situações, qualidades, sentimentos, dentre outros". c) "A estética filosófica é a teoria da Arte, do Belo e do conhecimento sensitivo". d) "A estética filosófica não é uma teoria do Belo e da Arte porque objetos que não são artísticos e nem belos podem proporcionar uma experiência estética, ou seja, ser possuidores de qualidades estéticas". e) "Caracterizar a estética como teoria do conhecimento sensitivo é, por um lado, ampliar demais o seu escopo, vez que o conhecimento sensitivo abrange áreas que não pertencem à estética; por outro lado, é uma caracterização estreita, porque a estética filosófica abrange objetos que não pertencem à percepção sensitiva". 22. Marque a alternativa que NÃO podemos considerar como questões e/ou métodos próprios da Estética filosófica. a) "O que é próprio das qualidades estéticas? Que são, afinal, tais qualidades? Que relações existem entre qualidades estéticas e não-estéticas? Como podemos reconhecer qualidades estéticas?". b) "As qualidades estéticas existem ou são derivadas de outras qualidades não-estéticas? Se existem tais qualidades estéticas, quais seriam elas? E quais seriam suas relações entre si e com as qualidades estéticas?". c) "Como se deve interpretar um juízo estético: é um genuíno juízo valorativo ou uma mera expressão de sentimentos? Se é um juízo valorativo genuíno, pode ser verdadeiro? Se um juízo estético pode ser verdadeiro, como podemos distinguir sua veracidade ou falsidade?". d) "O que diferencia as experiências estéticas das não-estéticas? O que é próprio e característico de uma experiência estética? Existe algo como uma "atitude estética" particular? Se ela existe, em que consiste tal atitude?". e) "A Estética filosófica não é genérica, mas específica, ou seja, não deve ser distinguida de estéticas específicas, que proporcionam análise e crítica de objetos individuais (em determinado filme, quadro, romance, etc.) ou de determinada espécie de objetos ou obras de arte (música, literatura, jardinagem, habitação, vestimenta, etc.), justificando os juízos valorativos estabelecidos". 23. Quando alguém capta ou percebe uma qualidade estética em um objeto, ele(a) tem uma experiência estética. Mas o que são, afinal, tais qualidades estéticas? Essa é uma das questões que são objetos de investigação da estética filosófica e que enceta uma disputa entre realistas e antirrealistas estéticos. Sobre essa questão, podemos dizer que I. "A distinção nítida entre o âmbito das qualidades estéticas e o das qualidades não-estéticas é problemática em termos filosóficos porque há uma relação das qualidades estéticas com qualidades não-estéticas, isto é, qualidades estéticas não são independentes de qualidades nãoestéticas". II. "O antirrealismo estético se caracteriza pela afirmação de que as coisas não são belas ou feias, excitantes ou entediantes, mas somos nós que as percebemos assim, isto é, as qualidades estéticas que atribuímos aos objetos não existem na realidade. O que existem somos nós e algumas qualidades comuns (tal como as qualidades das cores e das formas) às quais reagimos ocasionalmente atribuindo-lhes qualidades estéticas". III. "O realismo estético afirma que as qualidades estéticas não são meras reações privadas aos objetos do mundo, elas existem como qualidades estéticas, ainda que como qualidades especiais, ou seja, as qualidades estéticas existem efetivamente, mas dependem de certas qualidades não estéticas. Quando um objeto possui determinadas qualidades não-estéticas, então possui necessariamente também determinadas qualidades estéticas, em uma relação de superveniência entre elas". IV. "A relação de dependência entre qualidades estéticas e qualidades não-estéticas - a superveniência pretendida pelos realistas estéticos - não é uma relação biunívoca, mas unilateral que funciona em uma única direção, na medida em que uma mesma qualidade estética pode estar fundada em muitas qualidades não-estéticas diferentes - a harmonia, enquanto qualidade estética, de diferentes peças musicais pode estar ancorada em estruturas sonoras totalmente distintas". V. "Um argumento a favor do antirrealismo estético é a falta de consenso intersubjetivo no âmbito dos juízos estéticos: frequentemente duas pessoas concordam totalmente em relação às qualidades não-estéticas de um objeto, mas discordam em relação às qualidades estéticas desse mesmo objeto". Marque a alternativa CORRETA, que corresponde a uma caracterização adequada de alguns termos do debate entre realismo e antirrealismo estéticos. a) Todas as afirmações são verdadeiras. b) São verdadeiras as afirmações I, II, III e IV. c) Todas as afirmações são falsas. d) São falsas as afirmações II, III e V. e) São falsas as afirmações I e II. 24. A Ética, como área de investigação filosófica, possui categorias, problemas e métodos próprios que a caracterizam como uma área de saber autônoma. Marque a alternativa FALSA em relação a uma caracterização adequada da ética como disciplina filosófica. a) "A ética é indiretamente normativa, na medida em que sua atividade reflexiva não visa orientar os indivíduos em ações concretas em casos concretos, mas refletir sobre as diferentes morais e as diferentes maneiras de justificar racionalmente a vida moral, ou seja, orienta o agir de forma indireta". b) "A ética é um saber essencialmente normativo, ou seja, pretende orientar as ações dos seres humanos. Daí porque a ética, como área da filosofia, tem uma incidência imediata na vida cotidiana, não podendo se furtar a uma normatividade direta, apontando as regras para o agir de cada um individualmente". c) "A tarefa da ética é esclarecer reflexivamente o campo da moral, explicando o fenômeno da moralidade, dando conta racionalmente dessa dimensão humana, sem reduzi-la a seus componentes psicológicos, sociológicos e econômicos, dentre outros". d) "A ética não permanece neutra diante de diferentes códigos morais que existiram ou existem. A neutralidade não é própria dos métodos e objetivos próprios da investigação ética, mas ela não pode nos levar a recomendar um único código moral como racionalmente preferível. Em função da complexidade do fenômeno moral e da pluralidade dos modelos de racionalidade e de métodos e enfoques filosóficos, o resultado da investigação ética tem que ser necessariamente plural e aberto". e) "A Metaética, como parte da investigação ética, é uma metalinguagem que se ocupa em esclarecer os problemas linguísticos e epistemológicos da ética, ou seja, busca discernir a cientificidade, suficiência, aspectos formais, a situação epistemológica, etc., da linguagem ética". 25. Um dos problemas centrais da Ética como disciplina filosófica é a fundamentação da moral. Sobre essa questão, marque a alternativa FALSA. a) "As teorias éticas são, ao final das contas, esforços de investigação da possibilidade de fundamentação da moral, e em que medida disso ela é tal, ou seja, apontar uma forma racional, dar razões para a moralidade. Entretanto, isso não significa dizer que toda teoria ética aponte a razão como fundamento da moralidade". b) "O cientificismo não recusa uma fundamentação racional para a moral, pois prescreve que não há uma separação entre fatos e valores. A neutralidade axiológica própria da ciência, conforme Max Weber, permite que os valores possam ser captados na sua objetividade". c) "Na perspectiva do racionalismo crítico de K. Popper e H. Albert, qualquer esforço de fundamentação última da ética vai fracassar porque termina por cair no Trilema de Münchaussen (Regresso infinito, Círculo lógico e Decisionismo). Para eles, essa impossibilidade da fundamentação última da moral faz com que esta seja, ao final, ancorada no dogmatismo que encobre a decisão de colocar um princípio arquimédico imune a toda crítica". d) "O pensamento débil ou pós-moderno rejeita a possibilidade de fundamentar a moral porque considera que a tradição filosófica foi vítima de um engano centrado na epistemologia. Não é possível uma razão totalizante, que forneça uma metanarrativa que integre os diversos aspectos do real. A razão é frágil, débil, própria da finitude de nossa condição. Valores éticos universais são formas de mascaramento da vontade de poder totalizante". e) "O etnocentrismo ético defende que só podemos justificar uma decisão moral para aqueles que compartilham uma determinada forma de vida, porque só eles podem nos entender. Além disso, a objetividade da moral como uma verdade universal acima das contingências históricas e geográficas é uma forma de encantamento que dificulta o consenso social de nossas sociedades democratas liberais". 26. Sobre a epistemologia como área autônoma da filosofia, marque a alternativa FALSA. a) "A verdade é um conceito que está nos próprios fundamentos da epistemologia e da filosofia da ciência, enquanto disciplinas que investigam o conhecimento. Ela é essencial para a compreensão comum do conhecimento e da investigação". b) "Parte da literatura em epistemologia diz respeito a uma teoria da justificação, englobando debates entre defensores do fundacionalismo, do coerentismo, do naturalismo e de outras posições similares. Na filosofia da ciência tais debates se popularizaram nas discussões entre positivistas lógicos e racionalistas críticos, dentre outros". c) "A teoria do conhecimento ou epistemologia pode ser definida como a investigação acerca das condições do conhecimento verdadeiro. Dentre seus principais problemas estão as fontes primeiras de todo conhecimento ou o ponto de partida; o processo que faz com que os dados se transformem em juízos e afirmações acerca de algo; a maneira como é considerada a atividade do sujeito frente ao objeto a ser conhecido; o âmbito do que pode ser conhecido segundo as regras da verdade; etc.". d) "O conceito de verdade não é um conceito epistemológico, mas metafísico. Daí porque não deve ser objeto de preocupação da epistemologia, pois uma definição de verdade pouco ou nada contribui para determinar quais proposições são verdadeiras". e) "Em todas as teorias da verdade conhecidas há muita pressuposições metafísicas feitas por seus defensores. Tais compromissos metafísicos não podem ser vistos como negativos por si, pois uma epistemologia que fale do conhecimento, da investigação e de verdade forçosamente fala da relação do homem com o mundo que o rodeia, no qual se encontra e do qual é parte integrante. Assim, uma discussão sobre o conhecimento deve levar em conta as relações da epistemologia com os domínios da lógica e da metafísica". 27. A crise ecológica se tornou um problema fundamental da vida social, política e moral contemporânea, obrigando a reflexão humana alçar o voo para questões antes intocadas pela tematização filosófica e passando a incluir novas abordagens éticas. Sobre as relações entre ética filosófica e ecologia, encontramos as seguintes afirmações: I. "O que se chama ética, tanto quanto normas, leis e ordenamentos sociais de todo tipo, revela o quanto é dramático lidar com as diferenças e os interesses, suprir necessidades e, ao mesmo tempo, instituir uma vida de não-violência, ou seja, a sociabilidade do humanus. Tal situação nunca prescindiu do que se chama natureza ou ambiente, pois não há vida humana sem habitat, sem ecologia, ou seja, relações e condições biológicas, alimentares, culturais, políticas, religiosas, econômicas, ...". II. "Ética ambiental é um campo relativamente novo da Ética filosófica preocupada em descrever os valores possuídos pelo mundo natural não-humano e em prescrever uma resposta ética apropriada para assegurar a preservação e restauração desses valores. Essa preocupação urgente origina-se especialmente em função das ameaças à natureza postas em grande escala pelos humanos". III. "A maior parte da reflexão filosófico-ambiental contemporânea é marcada pela leitura da história da ética como uma história de ampliação crescente do respeito moral, ou seja, de estender a consideração moral aos animais, plantas, espécies, ecossistemas e à própria Terra". IV. "Uma ética com consideração forte pela ecologia não exige para sua formulação qualquer alteração do paradigma cartesiano-baconiano que demarcou a dominação do homem sobre a natureza e que permitiu a aquele o progresso científico-tecnológico que alargou o conhecimento dos seres e ambientes". V. "O planejamento e administração hoje não podem mais suprimir a base ambiental e o modus civilizatório, assim como não poderão mais prescindir de uma ética do futuro. (...) As éticas anteriores não contemplaram a dinâmica de mutação e a exclusão inerentes à sociedade tecnoindustrial. Tem seus parâmetros inócuos e, muitas vezes, trazem em seu bojo as disposições profundas dos riscos da razão instrumental e egológica hegemônica. São por vezes éticas individualizadas e que não conseguem pensar os sujeitos e os objetos não-humanos, ou pensar a longo prazo, ou ainda pensar a globalização como ela se impõe hoje". Marque a alternativa FALSA no tocante a uma caracterização pertinente da tematização da crise ecológica pela ética filosófica. a) Todas as afirmações são falsas. b) A afirmação IV é verdadeira. c) Todas as afirmações são verdadeiras. d) As afirmações I, II, III e V são verdadeiras. e) As afirmações I, II, III e IV são verdadeiras. 28. Na epistemologia, uma das questões centrais é o problema da causalidade. E a posição proposta por David Hume sobre a causalidade é clássica. A respeito dela, marque a alternativa FALSA dentre as seguintes afirmações sobre a posição humana: a) "A discussão da causalidade por Hume é um das mais substanciais contribuições do Empirismo para a filosofia". b) "Há mentes infinitas - uma infinita, muitas finitas - com ideias. Muitas dessas ideias são de objetos físicos. Esses objetos são essas ideias. O físico é assim mental". c) "A causalidade seria uma forte conexão entre dois eventos, com um necessitando do outro. Hume, entretanto, negou que possamos observar tal conexão. Sua posição foi de que estamos restritos a observar, no máximo, padrões de associação e não qualquer elo de conexões". d) "A observação, por mais sofisticada que o seja, revelará apenas um evento seguido de outro. No máximo, percebemos uma sucessão regular - uma conjunção constante entre dois fenômenos/eventos". e) "A causalidade não pode ser observada entre dois eventos ou fenômenos porque em cada caso os dois eventos envolvidos na interação causal são existências distintas". 29. O conceito de Ideologia é diversificado em sua história semântica, entretanto no campo filosófico, a partir das contribuições da tradição marxista, ele foi associado ao de Alienação, passando a funcionar como uma ferramenta crítica das ordens políticas e sociais do capitalismo. Sobre esse tema, marque a alternativa FALSA, ou seja, que não corresponde a uma caracterização rigorosa da Ideologia como instrumento de alienação. a) "Ideologia é o conjunto de ideias e concepções sem fundamento, mera análise ou discussão oca de ideias abstratas que não correspondem a fatos reais". b) "A ideologia é um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera produtiva". c) "A função da ideologia é apagar as diferenças como de classes e fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais de todos e para todos, como, por exemplo, a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, ou o Estado". d) "A ideologia tem como função assegurar uma determinada relação dos homens entre si e com suas condições de existência, adaptando os indivíduos às tarefas prefixadas pela sociedade. Portanto, a ideologia assegura a coesão dos homens e a aceitação sem críticas das tarefas mais penosas e pouco recompensadoras, em nome da "Vontade de Deus" ou do "dever moral" ou simplesmente como decorrente da "ordem natural das coisas"". e) "A ideologia é alienadora porque mostra uma realidade invertida, ou seja, o que seria a origem da realidade é posta como produto e vice-versa. Por exemplo, a ideologia burguesa afirma que existem nos homens diferenças individuais e que estas determinam a desigualdade social: a desigualdade natural seria a causa da desigualdade social. Mas a sociedade é na verdade resultado da práxis, e as desigualdades sociais estabelecidas pela divisão do trabalho e pelas relações de produção é que determinam (são causas) as desigualdades individuais". 30. Sobre as relações entre Ciência e Senso Comum, marque a alternativa FALSA, ou seja, aquela que não descreve adequadamente essa relação ou alguns de seus termos. a) "O senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade básica, a necessidade de compreender o mundo, a fim de viver melhor e sobreviver. E para aqueles que teriam a tendência de achar que o senso comum é inferior à ciência (...), por dezenas de milhares de anos os homens sobreviveram sem coisa alguma que se assemelhasse a essa nossa ciência". b) "O bom senso [ou senso comum] é simplesmente o depósito intelectual indiferenciado resultante da série de experiências fecundas da espécie, do grupo social e do indivíduo, que se transmite em forma não-sistemática, por herança racional, e não em caráter de conhecimento refletido". c) "O senso comum é marcado pela falta de qualquer conteúdo racional, não se constituindo em nenhum momento uma construção cognitiva válida. A ciência representa uma ruptura radical com o senso comum, ao substituí-lo por uma compreensão do real racionalmente construída. O senso comum é irracional e a ciência representa a racionalidade do ser humano". d) "Enquanto o saber comum observa um fato a partir do conjunto de dados sensíveis que formam a nossa percepção imediata, pessoal e efêmera do mundo, o fato científico é um fato abstrato, isolado do conjunto em que se encontra normalmente inserido e elevado a um grau de generalidade (...). Isso supõe uma capacidade de racionalização dos dados recolhidos, que nunca aparecem como dados brutos, mas sempre passíveis de interpretação". e) "A ciência não é um órgão novo do conhecimento. A ciência é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Isto pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização [na ciência] é conhecer cada vez mais de cada vez menos. [Nesse sentido], a aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o aprendiz dispõe". 31. Sobre a caracterização, conceituação e importância da Filosofia na contemporaneidade, marque a alternativa FALSA. a) "A filosofia, contrariamente às diversas ciências, não pretende explicar fatos. [Da perspectiva dos filósofos] a questão "O que é, em geral, um fato?" é, ao contrário, um verdadeiro problema. Mesmo que um filósofo chegue a elucidar, a seu modo, a noção de "fato", não terá contudo determinado nenhum fato que pudesse explorar, à maneira do cientista". b) "Aceitar o pluralismo como condição inelutável da filosofia não é resignar-se a um ecletismo bendito. Reconhece-se, então, simplesmente que a própria ideia de trabalho filosófico marcado estilisticamente conduz a aceitar a presença simultânea e a permanência, no tempo, de sistemas irreconciliáveis entre si e que não poderiam mutuamente se refutar do exterior, por assim dizer. Cada um deles só pode ser realmente atacado, modificado, transformado do interior". c) "Uma filosofia que não integre ou integre mal no seu sistema de significados uma etapa suficientemente contemporânea de ciência, não poderia satisfazer-nos totalmente. (...) Observaremos, a propósito disso, que nenhuma das grandes filosofias do passado furtou-se à necessidade de assimilar um sentido - mesmo minimizado - à obra científica. Do ponto de vista que apresentamos, uma filosofia da ciência aparece, pois, não como elemento determinante e dominador, mas certamente como elemento crítico e revelador, como um dos pontos mais sensíveis cuja exploração pode revelar, melhor que outros, o grau de validade de um conhecimento científico". d) "Se nós considerarmos que a filosofia é, em primeiro lugar, um trabalho para transformar uma experiência imediatamente vivida numa experiência compreendida e, portanto, a filosofia é um trabalho para transformar uma experiência em um saber a respeito dessa mesma, o campo da filosofia é vastíssimo. É o campo de todas as experiências possíveis...". e) "O trabalho filosófico é um trabalho essencialmente técnico, na medida em que exige formação técnica específica para ser levado a cabo em sua especificidade epistêmica. Assim como a ciência, a filosofia representa uma ruptura integral com as determinações do senso comum, escapando da dimensão existencial e alçando voo para um patamar reflexivo marcado pela completa neutralidade e a-historicidade de suas formulações". 32. O empirismo é uma corrente filosófica central na epistemologia ou teoria do conhecimento. Marque a alternativa que é FALSA no tocante à sua caracterização e desenvolvimento histórico como corrente epistemológica. a) "Ao contrário do racionalismo, o empirismo enfatiza o papel da experiência sensível no processo do conhecimento. Mas isso não significa que o empirismo proporcione uma perspectiva teórica de defesa do irracionalismo, pois a razão de ser e validade de qualquer conhecimento reside na sua fundação nos dados sensíveis proporcionados pela experiência, organizada, com o mundo". b) "Segundo o empirismo lockeano existem duas fontes possíveis para nossas ideias: a sensação e a reflexão. A sensação é o resultado da modificação feita na mente através dos sentidos. A reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a reflexão se reduz apenas à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela sensação". c) "O que ocasiona a produção de uma ideia simples na mente é a "qualidade" do objeto. Há qualidades primárias, como a solidez, a extensão, a configuração, o movimento, o repouso e o número, e qualidades secundárias (cor, som, odor, sabor, etc.), que provocam no sujeito determinadas percepções sensíveis. Enquanto as primárias são objetivas, pois realmente existem nas coisas, as secundárias variam de sujeito para sujeito e, como tais, são relativas e subjetivas". d) "Quando pensamos numa montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias compatíveis entre si, ouro e montanha, que já conhecíamos anteriormente. Podemos conceber um cavalo virtuoso, pois os nossos sentimentos nos levam à concepção de virtude, e esta pode unir-se à figura e forma de um cavalo, animal que nos é familiar. Em resumo, todos os materiais do pensamento derivam da sensação interna ou externa; só a mistura e composição destas dependem da mente e da vontade. Ou, para expressar-me em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões, ou percepções mais vivas". e) "Como corrente epistemológica, o empirismo também tem uma história de desenvolvimento de suas posições teóricas. O empirismo lógico é um exemplo disso, ao radicalizar o uso da lógica formal como referência para validar qualquer conhecimento. Segundo o empirismo lógico, o conhecimento válido é somente aquele que pode ser validado a priori, portanto, não se reduz a conhecimentos de fatos. Nesse sentido, os empiristas lógicos generalizavam a ideia kantiana de verdade analítica". 33. A chamada "Filosofia Analítica" se tornou uma corrente ou forma de fazer filosofia importante no cenário filosófico contemporâneo em todo o mundo. Marque a alternativa FALSA no tocante a uma caracterização adequada das origens dessa forma de fazer filosofia. a) "As origens da filosofia analítica repousam na Europa. Especificamente se baseia na obra de Gottlob Frege, Ludwig Wittgenstein, Bertrand Russell e G. E. Moore, assim como no trabalho efetuado pelos positivistas do Círculo de Viena, nas décadas de 1920 e 1930". b) "Pode-se ver a filosofia analítica como descendente natural do empirismo dos grandes filósofos britânicos Locke, Berkeley e Hume, e da filosofia transcendental de Kant". c) "A melhor maneira de resumir as origens da filosofia analítica é dizer que ela surgiu quando a tradição empirista na epistemologia, junto com o empreendimento fundacionista de Kant, foram vinculados pelos métodos de análise lógica e pelas teorias filosóficas inventadas por Gottlob Frege no Século XX". d) "Uma forma de ver o desenvolvimento da filosofia analítica nos últimos 30 anos é examinar a gradual rejeição de duas distinções: primeiro, entre proposições analíticas e sintéticas e, segundo, entre descrições descritivas e valorativas, bem como uma rejeição correspondente do fundacionismo como o empreendimento crucial da filosofia". e) "Do ponto de vista da filosofia analítica, a obra de Frege é a maior realização filosófica individual do século XX e o ponto de partida fulcral das técnicas de análise lógica. Essas técnicas de análise lógica de Frege foram mais tarde incrementadas pela análise da linguagem comum inspirada pelas obras de Moore e Wittgenstein, outras duas fontes fundadoras da filosofia analítica". 34. A ideia de que existem direitos humanos, isto é, direitos dos quais os indivíduos são portadores apenas pelo fato de serem humanos, foi difundida no mundo ocidental e encontrou guarida em legislações nacionais, não só no âmbito da Declaração de 1948 promovida pela ONU. Entretanto, o que são ou mesmo quais são esses direitos tem sido objeto de constante debate e luta política, exibindo a historicidade que também é própria dos direitos humanos. Sobre esse desenvolvimento histórico dos chamados direitos humanos, considere as seguintes afirmações: I. "Com essa declaração [a Declaração Universal dos Direitos do Homem], um sistema de valores é - pela primeira vez na história - universal, não em princípio, mas de fato, na medida em que o consenso sobre sua validade e sua capacidade para reger os destinos da comunidade futura de todos os homens foi explicitamente declarado". II. "As declarações [de direitos] nascem como teorias filosóficas. Sua primeira fase deve ser buscada na obra dos filósofos. Se não quisermos remontar até a ideia estoica da sociedade universal dos homens racionais - o sábio é um cidadão não desta ou daquela pátria, mas do mundo -, a ideia de que o homem enquanto tal tem direitos, por natureza, que ninguém (nem mesmo o Estado) lhe pode subtrair, e que ele mesmo não pode alienar (mesmo que em caso de necessidade ele os aliene, a transferência não é válida), essa ideia foi elaborada pelo jusnaturalismo. Seu pai é John Locke". III. "A expressão "direitos humanos" não é equívoca, pois se refere a direitos que pertencem a um homem abstrato e, como tal, subtraídos ao fluxo da história, a um homem essencial e eterno, de cuja contemplação derivaríamos o conhecimento infalível dos seus direitos e deveres". IV. "O desenvolvimento dos Direitos Humanos passou por três fases: em um primeiro momento, afirmaram-se os direitos de liberdade, isto é, todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar para o indivíduo, ou para os grupos particulares, uma esfera de liberdade em relação ao Estado". V. "Na segunda fase ou geração dos direitos do homem foram propugnados os direitos sociais, que expressam o amadurecimento de novas exigências - podemos dizer, de novos valores - como os de bem-estar e da igualdade não apenas formal, envolvendo questões de gênero e raça, e que poderíamos chamar de liberdade através ou por meio do Estado". Marque a alternativa CORRETA no tocante à validade das afirmações acima. a) Todas as afirmações são verdadeiras. b) As afirmações III, IV e V são verdadeiras. c) As afirmações III e V são falsas. d) As afirmações I, II e III são verdadeiras. e) Todas as afirmações são falsas. 35. O século XX testemunhou uma ampliação notável do campo da moralidade ao incluir entre o rol de objetos de consideração ética os animais. A ética animal se tornou objeto de debate filosófico significativo. Sobre essa temática, analise as considerações abaixo: I. "O modo correto de entender o lugar dos animais, e que tem sido corrente por séculos, possui diversas fontes, incluindo o pensamento judaico-cristão e argumentos de diferentes filósofos. Todos compartilham a posição de que a natureza e os animais existem para ser de usufruto do homem, instrumentos para ação humana. O animal é um recurso que humanos podem dispor naquilo que eles se adequam: um animal é comida, alimento ou objeto para brincadeiras - algo que tem valor apenas instrumental". II. "O movimento de libertação animal argumenta que existe, na verdade, uma tirania do humano sobre animais não-humanos. Essa tirania causou e ainda causa hoje uma quantidade de dor e sofrimento que só pode ser comparado com aquela que resultou dos séculos de tirania dos homens brancos sobre os homens negros". III. "Muitas organizações estabelecidas de proteção aos animais são ainda consistentes com a perspectiva tradicional da prioridade do interesse humano sobre o dos animais não-humanos, ao se oporem ao sofrimento dos animais somente quando fosse gratuito ou arbitrário. Para o movimento da libertação animal, tal visão é, na verdade, ainda uma forma de "especismo". Eles arguem que todos os seres sencientes tem interesses, e que devemos dar igual consideração a seus interesses, sem olhar se são membros de nossa espécie ou de outras espécies". IV. "Em qualquer exploração séria sobre valores ambientais ou dos animais, uma questão central será se existe alguma coisa que, para além dos seres humanos, tem valor intrínseco. As reflexões éticas desenvolvidas por ecologistas e defensores dos animais se voltam justamente para esse problema, sustentando que seres sencientes são merecedores de algum grau de respeito ou consideração moral por serem portadores de valor intrínseco - embora alguns teóricos busquem estender o valor intrínseco para além dos seres sencientes". V. "A partir do princípio da sensibilidade [senciência], a ética reconhece o direito ao respeito moral a todos os seres capazes dos sentimentos de dor e prazer. Não podemos argumentar sobre o valor moral dos animais a partir do que eles não podem ter: raciocínio e fala. Essa constatação nos ajuda simplesmente a afirmar que eles não são seres humanos; isso nada afirma dos animais, só nega; a negação está certa: os animais não pensam e não falam. Mas o que os define? A resposta é: eles são seres sensíveis à dor e ao prazer. A sensibilidade é essencial para o animal como a razão o é para o homem". Com base nas considerações acima, marque a alternativa FALSA no tocante a uma caracterização consistente da posição pró-ativa a uma ética animal. a) As afirmações I, IV e V são falsas. b) Todas as afirmações são verdadeiras. c) As afirmações II e III são falsas. d) A afirmação I é verdadeira. e) Todas as afirmações são falsas. 36. Sobre as relações entre cultura, democracia e cidadania, analise as seguintes considerações: I. "A democracia, enquanto sistema político que privilegia a igualdade e a liberdade dos cidadãos, requer uma cultura dialógica, na qual todo ser pessoal enquanto ser livre é, enquanto tal, o sujeito da efetivação de sua própria vida individual e social, de tal modo que todos são portadores do direito de assumir a configuração da vida coletiva enquanto busca da efetivação dos direitos de todos". II. "A cidadania em sociedades marcadas por culturas fortemente religiosas ou ancoradas em modelos sociais hierarquizados rigidamente é caracterizada pela ausência de participação efetiva dos cidadãos nas decisões que dizem respeito às suas vidas; as pessoas nessas sociedades não têm vontade de exercer de alguma forma o poder, não se fazem ouvir na defesa de seus interesses e objetivos. A cidadania é marcada assim pela ausência do reconhecimento do conflito como algo legítimo". III. "As determinações constitutivas do conceito de democracia são as ideias de conflito, abertura e rotatividade. Nesse sentido, a democracia não pode sobreviver em uma cultura do pensamento único; o conflito próprio do pensamento divergente, da heterogeneidade democrática é incompatível com a ausência de abertura, de acesso amplo aos bens culturais e de liberdade de produção cultural pelos cidadãos. Além disso, a rotatividade efetiva do poder, própria da democracia, faz com que se instale uma participação dos cidadãos dos mais diferentes estratos da sociedade nas tomadas de decisão ao se verem representados legitimamente no exercício do poder político". IV. "Democracia significa, etimologicamente, "governo do povo", por isso nesse sistema político não há qualquer processo de organização institucional que possibilite a representação política. O povo é quem administra diretamente os negócios públicos, não podendo haver separação entre uma esfera pública e uma privada. A cidadania, nesse caso, é marcada pela liberdade total dos indivíduos na tomada de decisões, não havendo qualquer aparelho estatal coercitivo na regulação de suas ações. Em tal ordem política, a cultura não significa a completa liberdade de expressão, mas a completa identificação dos interesses públicos comuns a todos; a produção cultural deixa de ser diversificada, divergente, e se torna unidade, convergência, uma vez que os interesses individuais desaparecem". V. "Uma das primeiras tarefas de uma democracia deve ser a busca de instituições, para que as deliberações sobre a configuração da vida coletiva possam efetivar-se de forma adequada aos diferentes contextos históricos [e culturais], o que pode implicar a exigência de uma mudança estrutural. Isso revela, ao mesmo tempo, levada em consideração a historicidade constitutiva do ser pessoal, que a democracia é sempre um possível que nunca se realiza plenamente, pois seu horizonte é aberto, como o horizonte da vida do ser humano, e por essa razão mesma o risco do fracasso histórico é também permanente. [Daí porque a democracia ser propriamente uma tarefa constante da cidadania]". Com base nessas considerações, marque a alternativa CORRETA no tocante a uma tematização adequada das relações entre democracia, cidadania e cultura. a) As afirmações I, III e V são verdadeiras. b) As afirmações I, II e IV são verdadeiras. c) Todas as afirmações são falsas. d) As afirmações III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmações são verdadeiras. 37. O positivismo é uma corrente filosófica que tem participação significativa na história da filosofia no Brasil. Sobre sua presença na cultura brasileira, analise as seguintes afirmações: I. "A máxima política positivista encontra-se presente na bandeira do Brasil através do lema "Ordem e Progresso". II. "A influência positivista no Brasil ocorreu em diferentes âmbitos e lugares, desde a década de 1870 até meados do Século XX, mas estendendo-se até o Século XXI". III. "A influência mais notável do positivismo no Brasil foi no Rio de Janeiro, entre o final do Império e a I República, quando desempenhou um papel central tanto no processo de Abolição da Escravatura quanto no de Proclamação da República". IV. "Os nomes mais representativos da história do positivismo no Brasil foram Benjamin Constant e Teixeira Mendes, além de personagens como Nisia Floresta Augusta, Miguel Lemos, Euclides da Cunha e Luís Pereira Barreto, dentre outros". V. "Augusto Comte, fundador do Positivismo, instituiu também a Religião da Humanidade. Existem templos e capelas onde são celebrados cultos à Humanidade. No Brasil, podemos encontrar alguns desses templos e capelas em Porto Alegre e no Rio de Janeiro". Marque a alternativa CORRETA. a) A afirmação V é falsa. b) Todas as afirmações são verdadeiras. c) As afirmações II e V são falsas. d) As afirmações I, III e V são falsas. e) Todas as afirmações são falsas. 38. A técnica se transformou contemporaneamente em um dos grandes temas filosóficos - ao lado de verdade, ser e justiça, dentre outros - pela sua quase onipresença em nossas vidas. Sobre isso, analise as considerações abaixo sobre a conexão entre ética e técnica hoje: I. "Vivemos na "Era da Técnica" seguramente, pois se produziu uma grande transformação técnica do mundo, com modificações não só de aspectos setoriais ou concretos da vida humana, mas de aspectos mais gerais e relevantes. Entretanto, essa modificação não produziu grandes e significativas mudanças éticas; os valores humanos fundamentais permaneceram intocados e imutáveis, pois a técnica não se tornou algo novo no cenário humano: ela permanece aquilo que sempre foi para nós, isto é, um instrumento, uma ferramenta". II. "A era da técnica, na qual estamos mergulhados destinalmente, se caracteriza por mudanças fundamentais na maneira de pensar, de ver o mundo, de viver, de organizar a vida política e de legitimar o poder, ou seja, a técnica converteu-se também em ideologia, em poder ilimitado ou mesmo superação do humanismo". III. "A técnica moderna introduziu ações de tal ordem inédita de grandeza, com tais novos objetos e consequências que a moldura da ética antiga [ou tradicional] não consegue enquadrá-los (...). A presença do homem no mundo era um dado primário e indiscutível de onde partia toda a ideia de dever referente à conduta humana: agora, ela própria tornou-se objeto de dever - isto é, dever de proteger a premissa básica de todo dever, ou seja, precisamente a presença de meros candidatos a um universo moral no mundo físico do futuro". IV. "A modernidade é caracterizada por "deformações ideológicas" e pela ascensão de poderes relacionados ao "potencial tecnológico" que passou a exigir do homem novas responsabilidades. Na perspectiva tradicional (como a de Kant, Descartes e Aristóteles), a ação ética estava limitada à relação do homem com o homem e todas as alterações de domínio se davam no âmbito humano do presente. Com o advento do poder/saber técnico, esse domínio passa a se expressar extrahumanamente, atingindo toda a natureza e a perspectiva mesma de existência da vida". V. "A técnica moderna, pela força de sua perspectiva instrumental, produtiva, não representa qualquer alteração dos ideais e valores tradicionais humanos. Muito pelo contrário, é a radicalização do antropocentrismo presente na ética tradicional. Um antropocentrismo que identifica técnica e metafísica: o descobrimento do ente do ponto de vista técnico (ou seja, do ente como objeto de cálculo e planificação) seria o ponto de consumação da história da metafísica ocidental, aquele em que o ser caiu no esquecimento. Com isso, a ética moderna radicalizou sua virada para uma metafísica da subjetividade, na medida em que o sujeito é o ponto de referência para assegurar a verdade do objeto". Marque a alternativa CORRETA no tocante a uma caracterização adequada da relação entre ética e técnica contemporaneamente. a) Somente a afirmação V é verdadeira. b) Todas as afirmações são verdadeiras. c) Somente a afirmação I é falsa. d) Todas as afirmações são falsas. e) As afirmações I, II e III são verdadeiras. 39. Sobre a filosofia antiga, marque a alternativa que NÃO corresponde a uma caracterização adequada de suas temáticas centrais e de seus filósofos protagonistas. a) "Uma temática central das filosofias de Platão e Aristóteles é a incapacidade da razão no tocante aos seus poderes de conhecer a verdade ou essência (eidos) das coisas". b) "Os filósofos antigos operavam no interior de uma perspectiva cosmocêntrica no tocante à inteligibilidade do mundo, isto é, seu modo de filosofar pressupunha que o Cosmos - ou a totalidade das coisas e do mundo - era ordenada por princípios universais (archai) que forneciam sentido e razão de ser de todos os entes e da dinâmica do mundo". c) "A dialética [socrática] tem por fim último o conhecimento. Se ela parece atacar ou poupar o interlocutor, isso é mera aparência. O argumento não é só nossa preocupação principal, mas a única: interagimos com nosso parceiro somente na medida em que ele contribui para a investigação. No mesmo espírito, não nos preocupamos com nosso destino dialético enquanto tal, isto é, pouco importa se um fragmento ou ilusão de verdade que surja da discussão é "nosso". (...) Todos os participantes da discussão partilham o sucesso - alcançando a verdade - coletivamente". d) "Para Aristóteles, somos essencialmente seres cognoscentes; um ser dotado de curiosidade especulativa inata. Uma vez que a filosofia teleológica de Aristóteles determina que nenhum tipo de animal possa ser radicalmente frustrado na realização de sua natureza, segue-se que o mundo deve ser acessível à investigação humana". e) "Embora sejam imateriais, as Formas de Platão não são ideias no sentido que ficou famoso na filosofia dos séculos XVII e XVIII, nem é a teoria idealista no sentido de Berkeley. Diversamente das ideias berkeleyanas, as Formas não dependem, para sua existência, das mentes, nem mesmo da mente divina, embora alguns pensadores (chamados de ?neoplatônicos?) tenham desenvolvido a teoria nessa direção. Porém (...) embora as Formas sejam decididamente entidades não-dependentes da mente, ambas, Formas e mente, ajustam-se de uma maneira peculiar à outra". 40. Em relação à filosofia medieval, considere as seguintes caracterizações de seus objetos, temas, localização histórica e geográfica, e importância filosófica: I. "O uso da expressão "filosofia medieval" para referir-se à filosofia na Idade Média é paradoxal, pois é difícil encontrar alguém, nesse período, que se considerasse filósofo, cuja preocupação fosse exclusivamente filosófica, ou que compusesse apenas obras filosóficas. Os autores medievais do Ocidente latino viam a si mesmos mais como teólogos, interessavam-se sobretudo em questões teológicas, e muito raramente compunham obras apenas filosóficas". II. "O pensamento medieval, ao contrário da filosofia antiga ou das moderna e contemporânea, traz, como essência, a fé revelada, a qual dá uma conotação especial à colocação e solução dos problemas filosóficos. No pensamento filosófico medieval, o filósofo jamais desconsidera os dados da fé revelada, ao contrário, coloca-a, sempre, ontologicamente superior ou condicionadora da especulação racional, ainda que faça uma distinção entre fé e razão, como é o caso de Santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino". III. "As fronteiras temporais e territoriais da Idade Média são assunto de controvérsia entre os estudiosos. Não importa que datas se escolha, fica claro que tanto Agostinho (354-430) quanto São João de Santo Tomás (1589-1644) estavam envolvidos no mesmo programa intelectual e, portanto, pertencem ao mesmo período. Antes de Agostinho, a vida intelectual do Ocidente estava dominada pela filosofia pagã, e Descartes (1596-1650), geralmente visto como o primeiro filósofo moderno, era contemporâneo de João. Territorialmente, precisamos incluir não apenas a Europa, mas também o Oriente Médio, onde importantes autores gregos ortodoxos, judeus e islâmicos floresceram". IV. "A história da filosofia medieval é costumeiramente dividida, pelos manuais da área, em dois longos períodos: Escolástica e Patrística. O primeiro deles - Escolástica - geralmente é delimitado dos primeiros séculos da Era Cristã, com São Justino (100-165 d.C.) e/ou Tertuliano (197-222 d.C.), até o século VIII, com a morte de João Damasceno (cerca de 754 d.C.), para a Igreja grega, e com Beda, o Venerável (735 d.C.), para a Igreja latina, do ponto de vista historiográfico corresponde à chamada Alta Idade Média. Entre seus principais representantes estão Agostinho, Proclo, Boécio, Dionísio Aeropagita, Clemente de Alexandria, dentre outros. O segundo período da filosofia medieval é o da Patrística, que geralmente estende-se entre os séculos VIII a XIV ou XV, no qual se produziu alguns dos maiores pensadores medievais, como Anselmo (1033-1109), Gilberto de Poitiers (1076-1154), Pedro Abelardo (1079-1142), Rogerio Bacon (1214-1274), Tomás de Aquino, João Duns-Scotus (1265-1308) e Guilherme de Ockham (1281-1347)". V. "O caráter da filosofia medieval é evidente nos problemas filosóficos que os medievais escolheram enfrentar, na maneira pela qual interpretavam os problemas filosóficos que encontravam nos textos antigos e nas soluções que deram para a maior parte dos problemas. Três dos mais importantes problemas que os medievais herdaram dos antigos foram o problema de como conhecemos, o problema da existência de Deus e o problema dos universais. Três problemas que eles levantaram como resultado de suas preocupações e compromissos teológicos foram o problema da relação entre fé e razão, o problema da individuação e o problema da linguagem utilizada para se referir a Deus". Marque a alternativa CORRETA. a) Todas as afirmações são verdadeiras. b) As afirmações I e IV são falsas. c) Todas as afirmações são falsas. d) Somente a afirmação V é verdadeira. e) Somente a afirmação IV é falsa. GABARITO: 21 C 22 E 23 A 24 B 25 B 26 D 27 B 28 B 29 A 30 C 31 E 32 E 33 D 34 C 35 D 36 A 37 B 38 C 39 A 40 E |
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Como referenciar: "Provas - Professor de Filosofia - Piauí - Universidade Estadual do Piauí - 2012" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 28/03/2024 às 06:47. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_prova.php?id=137