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Provas de concursos e vestibular

 
(20/Ago) Professor de Filosofia - SEE/SP - VUNESP - 2012
 
FORMAÇÃO ESPECÍFICA

21. Sócrates - Percebes agora que entendo por segunda divisão do mundo cognoscível aquela que a razão alcança pelo simples poder da dialética, considerando suas hipóteses não princípios, mas simples hipóteses, isto é, pontos de apoio e trampolins para se elevar até o princípio universal que já não admite hipóteses. Atingido esse princípio, ela se apega a todas as consequências que decorrem dele, até chegar à última conclusão, sem recorrer a nenhum dado sensível, mas somente às ideias, pelas quais procede e às quais chega. (Platão. A República. São Paulo, Martin Claret, 2000)
O trajeto percorrido pela dialética rumo ao estabelecimento da verdade pode ser definido como
(A) um percurso lógico que busca alcançar a verdade por meio de silogismos.
(B) uma configuração crítica que procura dissipar as aparências do mundo sensível.
(C) um caminho percorrido pelo filósofo em direção às sombras da caverna platônica.
(D) um método de crítica à universalidade contida na esfera inteligível das ideias.
(E) um método racional produzido pelos sofistas para o estabelecimento da verdade.

22. De acordo com a Alegoria da Caverna, a possibilidade de um indivíduo tornar-se justo e virtuoso depende de um processo de transformação pelo qual deve passar. Assim, afasta-se das aparências, rompe com as cadeias de preconceitos e condicionamentos e adquire o verdadeiro conhecimento. Tal processo culmina com a ideia da forma do Bem, representada pela metáfora do Sol. Para Platão, conhecer o Bem significa tornar-se virtuoso. Aquele que conhece a justiça não pode deixar de agir de modo justo. (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 31)
A importância histórica do método de conhecimento estabelecido na obra de Platão justifica-se
(A) pela defesa de uma rigorosa separação entre a esfera da política e a esfera da filosofia.
(B) por definir proposições instrumentais para o agir político, antecipando as estratégias maquiavélicas.
(C) por identificar as coisas empíricas como sendo em si mesmas dotadas de sua própria verdade.
(D) pela definição de uma esfera suprassensível que contém as formas perfeitas, necessárias e universais das coisas.
(E) por entender os preconceitos e condicionamentos do mundo sensível como esfera virtuosa e justa.

23. A realidade, para Heráclito, é a harmonia dos contrários, que não cessam de se transformar uns nos outros. (...) Parmênides se colocava na posição oposta à de Heráclito. Dizia que só podemos pensar sobre aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo, isto é, que o pensamento não pode pensar sobre coisas que são e não são, que ora são de um modo e ora de outro, que são contrárias a si mesmas e contraditórias. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 110)
A divergência entre Heráclito e Parmênides foi solucionada pela metafísica platônica. Essa solução envolveu
(A) a defesa das contradições heraclitianas como conteúdo essencial da esfera inteligível da realidade.
(B) a definição do Bem e da verdade acessível ao pensamento como entidade contraditória.
(C) o estabelecimento de um método relativista e ancorado em contextos históricos para o conhecimento da realidade.
(D) a valorização das concepções parmenidianas como expressão das aparências do mundo sensível.
(E) uma dicotomia entre as propriedades variáveis das coisas sensíveis e o caráter absoluto do mundo inteligível.

24. Os sofistas, diante da pluraridade e do antagonismo das filosofias anteriores, ou dos conflitos entre as várias ontologias, concluíram que não podemos conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões subjetivas sobre a realidade. Por isso, para se relacionarem com o mundo e com os outros humanos, os homens devem valer-se de um outro instrumento - a linguagem, para persuadir os outros de suas próprias ideias e opiniões. A verdade é uma questão de opinião e de persuasão, e a linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 111)
Na história da filosofia, a pedagogia sofística foi recepcionada de uma forma peculiar por Platão. Esse contato atribuiu ao método sofístico a qualidade de ser
(A) um estilo comunicativo a ser superado pelo método dialético expressado nos diálogos socráticos.
(B) um lugar privilegiado, uma vez que o relativismo linguístico é uma das bases da metafísica platônica.
(C) uma diretriz que possibilitou a diferenciação entre a aparência das coisas empíricas e a essência inteligível.
(D) a definição dos parâmetros mediadores entre os preconceitos da caverna e a unidade do bem e da verdade.
(E) o caminho para o estabelecimento do estilo retórico do governante-filósofo na república platônica.

25. O primeiro conceito de metafísica consiste em reconhecer como objeto da Metafísica o ser mais elevado e perfeito, do qual provêm todos os outros seres e coisas do mundo. (...) O segundo fundamental é a da Metafísica como doutrina que estuda os caracteres fundamentais do ser. O que todo ser tem e não pode deixar de ter. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Acerca dessas duas definições conceituais de Metafísica, pode-se afirmar que
(A) a ambas é central a valorização das coisas sensíveis como entidades autosuficientes para o estabelecimento da verdade.
(B) nos dois casos prevalece uma concepção teológica relacionada ao conhecimento do ser superior a todos os seres.
(C) o primeiro conceito caracteriza a Metafísica como teologia, e o segundo conceito caracteriza a Metafísica como ontologia.
(D) nos dois casos a verdade das coisas é considerada inseparável de um método relativístico para o conhecimento.
(E) os parâmetros adotados por ambas pressupõem a impossibilidade de estabelecimento da universalidade.

26. O Neoplatonismo, como o nome indica, foi uma retomada da filosofia de Platão, mas com um conteúdo espiritualista e místico. Os neoplatônicos afirmavam a existência de três realidades distintas por essência: o mundo sensível da matéria ou dos corpos, o mundo inteligível das puras formas imateriais, e acima, desses mundos, uma realidade suprema, separada de todo o resto, inalcançável pelo intelecto humano, luz pura e esplendor imaterial, o uno ou o Bem. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 223)
Segundo esse comentário, a relação entre a metafísica platônica e a metafísica neoplatônica
(A) passa pela introdução de modificações na concepção platônica de existência do mundo inteligível.
(B) ocorreu mediante a introdução de elementos materialistas que modificaram as concepções platônicas.
(C) consistiu em uma forte valorização pelos neoplatônicos do mundo sensível antes depreciado por Platão.
(D) ocorreu mediante a completa rejeição pelos neoplatônicos da tese platônica de existência de um mundo inteligível.
(E) passa pela rejeição, por parte dos neoplatônicos, de qualquer dimensão mística ou espiritualizante na filosofia.

27. Senti e não estranhei que o pão tão saboroso ao paladar saudável seja enjoativo ao paladar enfermo e que a luz agradável aos olhos que veem bem seja desagradável aos doentes. E a vossa justiça é desagradável aos maus - o mesmo acontece com a víbora e os répteis, que foram criados bons e adequados à parte inferior da Criação, à qual os seres maus também pertencem, sendo tão mais semelhantes quanto são diferentes de Vós. Do mesmo modo, os maus são tão mais semelhantes aos seres superiores quanto mais se tornam semelhantes a Vós. Indaguei sobre a maldade e não encontrei uma substância e sim a perversão da vontade afastada de Vós, o Ser Supremo, tendendo em direção às coisas inferiores, expelindo as suas entranhas e inchando-se toda. (Santo Agostinho. As Confissões, citado em: Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 57)
Segundo a concepção de Agostinho, o Mal
(A) é uma substância metafísica, tanto quanto o Bem.
(B) é uma entidade historicamente variável e relativa.
(C) pode ser combatido por meio do aperfeiçoamento intelectual.
(D) é uma patologia emocional a ser curada pelo remédio certo.
(E) manifesta-se como desvio ou corrupção em relação à vontade divina.

28. Na quarta de suas Meditações Metafísicas, Descartes discute o problema do erro, caracterizando-o como consequência não de nossas faculdades intelectuais, mas de um mau uso de nossa vontade, quando está assente em algo com base em ideias que não são claras e distintas. É preciso portanto que a vontade se guie pela razão e não pelas paixões, garantindo assim a possibilidade de distinguir o certo do errado e o bem do mal. (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 68)
Segundo a concepção cartesiana, o conhecimento correto e o estabelecimento de valores morais adequados depende
(A) da iluminação da alma humana pela alma divina.
(B) do esclarecimento do cogito pelo gênio maligno.
(C) de meditações intuitivas e inconscientes.
(D) da utilização de um método adequado para o pensamento.
(E) da formulação de silogismos aristotélicos.

29. Entende-se por explicação mecanicista a que utiliza exclusivamente o movimento dos corpos, entendido no sentido restrito de movimento espacial. Nesse sentido, mecanicista é a teoria da natureza que não admite outra explicação possível para os fatos naturais, seja qual for o domínio a que eles pertençam, além daquela que os interpreta como movimentos ou combinações de movimentos de corpos no espaço. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Sobre a importância do mecanicismo na história da filosofia, pode-se afirmar que
(A) se trata de uma concepção fortemente ancorada em pressupostos teológicos.
(B) sua teoria foi decisivamente impulsionada por Galileu, Newton e Descartes.
(C) foi a base da teoria imaterialista formulada pelo filósofo empirista Berkeley.
(D) as explicações mecanicistas são incompatíveis com a revolução científica.
(E) ele consiste em um princípio fundamental do método platônico de conhecimento.

30. Ora, Hume torna impossível tanto a universalidade quanto a necessidade pretendida pela razão. O universal é apenas um nome ou palavra geral que usamos para nos referirmos à repetição de semelhanças percebidas e associadas. O necessário é apenas um nome ou palavra geral que usamos para nos referirmos à repetição das percepções sucessivas no tempo. O universal, o necessário, a causalidade, são apenas meros hábitos psíquicos. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 73)
A crítica de Hume à universalidade foi diretamente influenciada
(A) pelo neoplatonismo adotado por esse filósofo.
(B) pela influência escolástica notável nesse filósofo.
(C) pela primazia do sensível como fonte do conhecimento.
(D) pela rejeição das teses empiristas de sua época.
(E) por sua concepção de uma ?metafísica renovada?.

31. O conceito de substância como conexão constante entre determinações simultaneamente dadas pela experiência é o produto da crítica empirista ao conceito tradicional. Essa crítica visa o caráter fundamental tradicionalmente atribuído à substância, a sua necessidade, porquanto tal necessidade não é o resultado da experiência. A incognoscibilidade da substância em si mesma, por não ser objeto da experiência e só se dar na experiência como coleção de qualidades, já fora sustentada por Ockham no séc. XIV, mas coube a Locke difundir esse ponto de vista no mundo moderno. (...) Nas mãos de Hume, a substância passa a ser um conjunto de determinações que de fato estão juntas, mas cuja necessidade não pode ser demonstrada. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Como importante implicação da crítica de Hume ao conceito de substância, pode-se citar
(A) uma decisiva revalorização do aristotelismo na filosofia moderna.
(B) a redução do âmbito cognoscível do real à esfera da experiência.
(C) a enunciação de princípios universais em várias áreas do conhecimento.
(D) a desvalorização do empírico como âncora do conhecimento filosófico.
(E) a valorização da universalidade em detrimento do sensível.

32. Façamos pois uma revolução copernicana em Filosofia: em vez de colocar no centro a realidade objetiva ou os objetos do conhecimento, dizendo que são racionais e que podem ser conhecidos tais como são em si mesmos, comecemos colocando no centro a própria razão. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 77)
Sobre a revolução copernicana em Filosofia, pode-se afirmar que
(A) sua principal implicação foi a dualidade entre corpo e alma, segundo Descartes.
(B) teve importante papel para a formulação das teses da filosofia empirista.
(C) envolveu a concepção de intuições puras na sensibilidade e categorias inatas no entendimento.
(D) possibilitou a formulação de um estatuto científico para a metafísica.
(E) postulou a possibilidade de conhecimento sobre os objetos como coisas-em-si.

33. Empirismo. Corrente filosófica para a qual a experiência é critério ou norma da verdade, considerando-se a palavra ?experiência? como recurso à possibilidade de repetir certas situações como meio de verificar as soluções que elas permitem. Em geral, essa corrente caracteriza-se pelo seguinte: 1. negação do caráter absoluto da verdade, ou ao menos da verdade acessível ao homem. 2. Reconhecimento de que toda verdade pode e deve ser posta à prova, logo, eventualmente, modificada, corrigida ou abandonada. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado) Considerando essa definição, a filosofia empirista pode ser caracterizada como
(A) uma reformulação moderna da filosofia metafísica clássica.
(B) um estilo filosófico baseado na crítica da razão pura de Kant.
(C) uma filosofia conhecida por ter propagado a existência de ideias inatas.
(D) uma filosofia para a qual o conhecimento depende de percepções sensíveis.
(E) um estilo filosófico de natureza escolástica baseado em Tomás de Aquino.

34. Como, para Kant, só há conhecimento quando a experiência fornece conteúdos à sensibilidade e ao entendimento, a razão, separada da sensibilidade e do entendimento, não conhece coisa alguma e não é sua função conhecer. Sua função é a de regular e controlar a sensibilidade e o entendimento. Do ponto de vista do conhecimento, portanto, a razão é a faculdade reguladora da atividade do sujeito do conhecimento. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 78)
De acordo com a citação sobre a estrutura e as funções da razão pura, pode-se afirmar que
(A) todo conhecimento é reduzido a feixe de percepções, inexistindo na razão qualquer categoria anterior à experiência.
(B) o principal papel da razão pura consiste em conhecer os objetos da experiência concebidos como coisas-em-si.
(C) o conhecimento epistemologicamente válido constitui-se pela integração da sensibilidade e do entendimento.
(D) o cogito cartesiano desempenha a função transcendental de integrar as categorias da sensibilidade e do entendimento.
(E) como faculdade reguladora da atividade cognoscente, a razão produz conhecimentos inatos e independentes da esfera empírica.

35. Na Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant formula seu célebre princípio do imperativo categórico: age somente de acordo com aquela máxima pela qual possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal. (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética ? de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 31)
O imperativo categórico caracteriza-se por
(A) defender a relativização da ação moral, de acordo com contextos sociais.
(B) definir a ação moral de acordo com princípios pragmáticos.
(C) definir fundamentos dialéticos para as ações éticas e morais.
(D) determinar que a ação moral é aquela que pode ser universalizada.
(E) atribuir fundamentos teológicos para as ações éticas e morais.

36. O cidadão não pode se recusar a pagar os impostos que lhe cabem; a recusa veemente de cumprir tais tarefas, caso seja levada adiante, pode inclusive ser punida como escândalo (posto que poderia gerar ampla desobediência civil). É uma questão de justiça, por outro lado, que não se lhe proíba de, como douto, fazer observações que serão apresentadas ao julgamento público a respeito da improcedência e injustificativa dessas incumbências. (Kant, Imanuel. Resposta à pergunta: "Que é o esclarecimento?", citado em: Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 90)
No texto, o filósofo Kant define uma das implicações contidas no esclarecimento, o que significa que
(A) uma vida esclarecida e emancipada pressupõe a obediência, tanto no uso público quanto no uso privado, da razão.
(B) tanto no que se refere ao uso público quanto ao uso privado da razão, prevalecem parâmetros de autonomia irrestrita.
(C) a relação dos indivíduos com o Estado deve ser guiada pela liberação de impulsos anárquicos e revolucionários no plano público e privado.
(D) a reprodução social da existência de uma condição de heteronomia intelectual é compatível com uma vida emancipada e esclarecida.
(E) a autonomia do indivíduo no exercício da razão pressupõe simultaneamente a obediência e a crítica racional, de acordo com o contexto.

37. Iluminismo. Linha filosófica caracterizada pelo empenho em estender a razão como crítica e guia a todos os campos da experiência humana. Nesse sentido, Kant escreveu: O Iluminismo é a saída dos homens de estado de menoridade devido a eles mesmos. Minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação de outro. Essa minoridade será devida a eles mesmos se não for causada por deficiência intelectual, mas por falta de decisão e coragem para utilizar o intelecto como guia. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Sobre a filosofia iluminista, é possível afirmar que
(A) o iluminismo está em contradição com o desenvolvimento crítico do indivíduo.
(B) seus fundamentos pressupõem uma ampla confrontação crítica da realidade.
(C) a condição de maioridade intelectual equivale ao estado de heteronomia.
(D) o intelecto humano é racional quando absorve ideias e valores irrefletidamente.
(E) maioridade equivale à absorção da ideologia no sentido marxista deste termo.

38. Com base na documentação histórica correspondente, é possível chegar a uma caracterização bastante genérica da Dialética, que de algum modo resuma todas as outras. Pode-se dizer, por exemplo, que a Dialética é o processo em que há um adversário a ser combatido ou uma tese a ser refutada, e que supõe, portanto, duas teses em conflito; ou então que é um processo resultante do conflito ou da oposição entre dois princípios, dois momentos ou duas atividades quaisquer. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Com base nessa síntese, pode-se dizer que, genericamente, a Dialética
(A) é um método de conhecimento amparado na lógica aristotélica.
(B) originou-se da contestação do método adotado nos diálogos socráticos.
(C) originou-se como parâmetro básico do método cartesiano.
(D) pressupõe a impossibilidade de alcançar a verdade filosófica.
(E) pressupõe a existência de conflitos ou de contradições na realidade objetiva.

39. A razão, diz Hegel, não é nem exclusivamente razão objetiva (a verdade está nos objetos), nem razão subjetiva (a verdade está no sujeito), mas ela é a unidade necessária do objetivo e do subjetivo. Ela é o conhecimento da harmonia entre as coisas e as ideias, entre o mundo exterior e a consciência, entre o objeto e o sujeito, entre a verdade objetiva e a verdade subjetiva. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 81)
Sobre a relação da filosofia de Hegel com tradições filosóficas anteriores, é correto afirmar que
(A) este pensador criticou as tradições empirista e kantiana, entendendo a razão como resultado de um processo histórico.
(B) ela resgata a primazia dada pelos empiristas aos dados da experiência como única fonte do conhecimento.
(C) seu caráter negativo explica-se pela fundamentação essencialmente cartesiana e mecanicista.
(D) não estando a verdade nem nos objetos, nem no sujeito, o processo cognoscente subordina-se à relação do espírito humano com Deus.
(E) a harmonia entre as coisas e as ideias é explicada por Hegel por meio de fundamentos materialistas.

40. Para Hegel, a dialética é a própria natureza do pensamento, visto ser a resolução das contradições em que se enreda a realidade finita, que como tal é objeto do intelecto. A dialética é a resolução imanente na qual a unilateralidade e a limitação das determinações intelectuais se expressam como são, ou seja, como sua negação. Todo finito tem a característica de suprimir-se a si mesmo. (...) De fato, pela identidade entre racional e real, a dialética é não só a lei do pensamento, mas a lei da realidade. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Partindo dessa definição, a dialética hegeliana
(A) pressupõe que as contradições não se situam somente na atividade intelectiva, mas na própria realidade.
(B) estabelece teses, antíteses e sínteses que se destinam ao conhecimento de uma realidade idêntica a si mesma.
(C) fundamenta-se em uma rígida separação entre sujeito cognoscente e objeto da experiência.
(D) é um sistema de pensamento que pressupõe a existência de contradições exclusivamente materiais na realidade.
(E) entende a contradição como erro epistemológico da atividade intelectiva, passível de superação por meio da razão.

41. Um príncipe não deve ter outro fito ou outro pensamento, nem cultivar outra arte, a não ser a da guerra, juntamente com as regras e a disciplina que ela requer; porque só essa arte se espera de quem manda, e é tão útil que, ao conservar no poder os príncipes de nascimento, com frequência eleva a tal altura simples cidadãos. Em contraste, os príncipes que cultivaram mais das delícias da vida do que das armas perderam os seus Estados. E como o desprezo da arte da guerra determina essa perda, assim o estar nela bem adestrado determina aquela ascensão. (Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, citado em: Weffort, Francisco (org.). Os Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, p. 36)
A passagem citada do filósofo Maquiavel revela que, em sua concepção,
(A) o exercício da política pelo príncipe é regido por valores universalistas, transcendentes à práxis.
(B) o sucesso na condução dos negócios políticos obedece a critérios primordialmente pragmáticos.
(C) a manutenção do governante no poder é menos importante do que os valores éticos que conduzem sua atuação.
(D) a democracia burguesa é o regime político historicamente mais adequado para governar populações.
(E) os homens são criaturas naturalmente inclinadas ao pacificismo, sendo sujeitos à violência apenas ocasionalmente.

42. Na concepção de Thomas Hobbes, todo homem é opaco aos olhos de seu semelhante - eu não sei o que o outro deseja, e por isso tenho que fazer uma suposição de qual será a sua atitude mais prudente, mais razoável. Como ele também não sabe o que quero, também é forçado a supor o que farei. Dessas suposições recíprocas, decorre que o mais razoável para cada um é atacar o outro, ou para vencê-lo, ou simplesmente para evitar um ataque possível: assim, a guerra se generaliza entre os homens. Por isso, se não há um Estado controlando e reprimindo, fazer a guerra contra os homens é a atitude mais racional. (Weffort, Francisco (org.). Os Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, p. 55. Adaptado)
O texto citado apresenta um pressuposto fundamental da filosofia de Hobbes. De acordo com essa tese,
(A) no estado de natureza estão presentes os mesmos parâmetros que presidem a vida socializada.
(B) sob quaisquer circunstâncias, a luta de todos contra todos corresponde à atitude mais racional possível.
(C) a natureza humana é essencialmente pacífica, sendo corrompida somente após a instalação do pacto social.
(D) a vida socializada perpetua o estado de inimizade vigente sob as condições do estado de natureza.
(E) o pacto social instala as condições que permitem a superação do estado de natureza entre os homens.

43. O que Hobbes pede é um exame de consciência: conhece-te a ti mesmo. Estamos carregados de preconceitos, acha Hobbes, que vêm basicamente de Aristóteles e da filosofia escolástica medieval. Mas o mito de que o homem é sociável por natureza nos impede de identificar onde está o conflito e de contê-lo. A política só será uma ciência se soubermos como o homem é de fato, não na ilusão; e só com a ciência política será possível construirmos Estados que se sustentem, em vez de tornarem permanente a guerra civil. (Weffort, Francisco (org.). Os Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, pp. 57-58)
Sobre a relação entre a filosofia hobbesiana e outras tradições filosóficas, pode-se afirmar que
(A) Hobbes estabelece uma ruptura em relação a teorias baseadas em uma natureza humana politicamente benevolente.
(B) as concepções hobbesianas reproduzem os mesmos pressupostos da teoria contratualista de Rousseau.
(C) para Hobbes, a manutenção da autoridade do Estado depende necessariamente da legitimidade religiosa.
(D) Hobbes antecipa os elementos básicos da crítica da economia política elaborada por Marx e Engels.
(E) os homens são animais selvagens permanentemente condenados à luta de todos contra todos.

44. Juntamente com Hobbes e Rousseau, Locke é um dos representantes do jusnaturalismo ou teoria dos direitos naturais. O modelo jusnaturalista de Locke é, em suas linhas gerais, semelhante ao de Hobbes: ambos partem do estado de natureza, que, pela mediação do contrato social, realiza a passagem para o estado civil. Existe, contudo, grande diferença na forma como Locke, diversamente de Hobbes, concebe especificamente cada um dos termos do trinômio estado natural/contrato social/estado civil. (Weffort, Francisco (org.). Os Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, p. 84)
Sobre a relação entre os três pensadores citados, é possível dizer que
(A) a concepção de estado de natureza para Locke é análoga àquela concebida por Hobbes.
(B) para Locke, em estado de natureza os homens vivem em condições de perfeita liberdade e igualdade.
(C) segundo Rousseau, o pacto social permite a superação do estado de selvageria vigente em natureza.
(D) os três pensadores pressupõem a existência de uma natureza humana destinada à tensão e conflito permanentes.
(E) os três pensadores elaboram suas teorias estabelecendo continuidade com o jusnaturalismo de Maquiavel.

45. Sendo os homens por natureza todos livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar consentimento. A maneira única em virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas em juntar-se e unir-se em comunidade para viverem em segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando garantidamente as propriedades que tiverem. (Weffort, Francisco (org.). Os Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, p. 97)
De acordo com o texto, as concepções contratualistas de Locke
(A) são condizentes com a teoria socialista de Marx e Engels.
(B) permitem a legitimação dos governos absolutistas modernos.
(C) definem os parâmetros básicos das democracias liberais.
(D) apresentam traços posteriormente resgatados pelo anarquismo.
(E) harmonizam-se com a ruptura estabelecida em estados de exceção.

46. Nietzsche mostra que os conceitos e valores tradicionais da moral não são universais nem estabelecidos objetivamente. Têm suas origens em um momento histórico determinado, em uma cultura específica, e servem a certos interesses e propósitos que, no desenvolvimento da tradição, acabam por ficar esquecidos. O método genealógico busca recuperar essas origens e desmascarar a aparente objetividade dos valores e conceitos, o que acontece em casos como o da moral do rebanho da tradição judaico-cristã, que impõe valores como compaixão e submissão aos fortes como forma de dominá-los. (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 107)
Acerca da crítica de Nietzsche sobre a moralidade, é possível afirmar que
(A) realiza uma análise crítica dos elementos subjacentes à tradição moral hegemônica no Ocidente.
(B) recupera os elementos básicos da oposição entre mundo sensível e mundo inteligível da filosofia platônica.
(C) trata-se de uma releitura e atualização da ética elaborada pelos escolásticos, em especial por Santo Agostinho.
(D) influenciada pelo romantismo, procurou estabelecer uma nova fundamentação para o imperativo categórico.
(E) resgata o caráter negativo da dialética hegeliana para fundar os princípios de uma nova moral.

47. Para Max Weber, nenhuma ética do mundo pode fugir ao fato de que em numerosos casos a consecução de fins bons está limitada ao fato de que devemos estar dispostos a pagar o preço de usar meios moralmente dúbios, ou pelo menos perigosos ? e enfrentar a possibilidade, ou mesmo a probabilidade, de ramificações daninhas. Nenhuma ética no mundo nos proporciona uma base para concluir quando, e em que proporções, a finalidade eticamente boa justifica os meios eticamente perigosos e suas ramificações. (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 125)
Segundo a concepção de Weber,
(A) os fins sempre justificam os meios.
(B) bem e mal são valores absolutos.
(C) a relação entre ética e política é harmoniosa.
(D) a relação entre meios e fins é conflituosa.
(E) uma ética válida deve ter fundamentação metafísica.

48. Podemos rejeitar a existência de uma capacidade original, por assim dizer natural de distinguir o bom do mau. O que é mau frequentemente não é de modo algum o que é prejudicial ou perigoso ao ego; pelo contrário, pode ser algo desejável pelo ego e prazeroso para ele. De uma vez que os próprios sentimentos de uma pessoa não a conduziriam ao longo desse caminho, ela deve ter um motivo para submeter-se a essa influência estranha. Esse motivo é facilmente descoberto no desamparo e na dependência dela em relação a outras pessoas, e pode ser bem mais designado como medo da perda de amor.
(Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 128)
Considerando a explicação psicanalítica para a questão moral analisada no texto, as concepções de bom e de mau (A) são categorias metafísicas e por isso transcendentes em relação ao homem.
(B) estão relacionadas à vida emocional na relação com outras pessoas.
(C) derivam do exame racional da realidade por parte da consciência.
(D) dependem do grau de rigor na aplicação de punições dadas pela justiça.
(E) contém conteúdo inato, estabelecido previamente por leis naturais.

49. A obra O mal-estar na civilização de Freud discute o conceito de civilização como resultado do controle sobre os instintos agressivos do ser humano e do conflito entre duas características da natureza humana: Eros, a força que leva à integração entre os homens, à formação da família e da sociedade, e Tânatos, o instinto de morte, que explica a agressividade e a destruição provocadas pelo homem. A culpa, portanto, é um dos instrumentos fundamentais pelos quais a civilização se constitui e funciona de modo a reprimir os impulsos agressivos do ser humano. (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar, 2007, p. 127)
Segundo a tese freudiana, a origem dos impulsos violentos e agressivos é
(A) social, em uma perspectiva análoga àquela postulada pelo filósofo Rousseau.
(B) material, dependendo do grau de desigualdade social em determinada sociedade.
(C) é inata, e a existência da vida social pressupõe a repressão de tais impulsos.
(D) estabelecida pelo pecado original, no sentido definido pelo filósofo Santo Agostinho.
(E) aleatória, sujeita às características e disposições psicológicas de cada ser humano.

50. No contexto da Revolução Científica dos séculos XIV a XVII, "a antiga dicotomia entre a Terra e o céu foi abolida e uma unificação do universo foi levada a cabo, de modo que, daí por diante, nada do que ocorresse na natureza era tido como um mero evento terreno. Todos os eventos passaram a ser vistos como sujeitos a uma lei universalmente válida, entre outras coisas, além do alcance da experiência sensorial do homem, (...) válida além do alcance da memória humana e do aparecimento da humanidade na Terra, válida inclusive além do surgimento da vida orgânica e da própria terra." (Arendt, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro, Forense universitária, 2010, pp. 327-328)
Considerando o texto sobre a Revolução Científica, pode-se afirmar que
(A) houve um fortalecimento das perspectivas metafísicas que postulavam o antropocentrismo.
(B) ocorreu a comprovação empírica de diversas hipóteses cosmológicas formuladas na Antiguidade.
(C) suas descobertas e invenções estabeleceram as bases para um conhecimento escolástico renovado.
(D) ocorreu uma desvalorização dos métodos empiristas de conhecimento da realidade objetiva.
(E) a perspectiva mecanicista de conhecimento da realidade objetiva passou a ser hegemônica.

51. A súbita e espetacular ascensão do trabalho, da mais baixa e desprezível posição à mais alta categoria, como a mais estimada de todas as atividades humanas, começou quando Locke descobriu que o trabalho é a fonte de toda propriedade. Prosseguiu quando Adam Smith afirmou que o trabalho era fonte de toda riqueza e atingiu o clímax no sistema de trabalho de Marx, no qual o trabalho passou a ser a fonte de toda a produtividade e a expressão da própria humanidade do homem. (Arendt, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro, Forense universitária, 2010, p. 125)
Sobre os pensadores citados no texto de Hannah Arendt e suas concepções sobre o trabalho, pode-se afirmar que
(A) apresentam uma valorização que é típica da era moderna.
(B) aos três é comum uma valorização de natureza metafísica.
(C) eles enaltecem o trabalho sob o ponto de vista da ética protestante.
(D) nos três casos o trabalho é abordado sob um ponto de vista liberal.
(E) eles apresentam o trabalho sob uma ótica medieval, como tripalium.

52. Marx - em um dos muitos apartes que testificam seu eminente senso histórico ? observou certa vez que a definição do homem por Benjamim Franklin como um fazedor de instrumentos é tão típica da era moderna quanto a definição do homem como um animal político o era na Antiguidade. A verdade dessa observação reside no fato de que a era moderna estava tão decidida a excluir o homem político, ou seja, o homem que fala e age, quanto a Antiguidade estava decidida a excluir o homo faber. (Arendt, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro, Forense universitária, 2010, p. 198)
Acerca dos diferentes modos da condição humana entre a Antiguidade e a era moderna, é correto afirmar que
(A) em ambas o trabalho era considerado expressão da essência humana.
(B) a exclusão do homem político na era moderna pode ser atribuída ao socialismo.
(C) a desvalorização do homem político na modernidade favoreceu sua emancipação.
(D) o contraste entre ambas explica-se em virtude de transformações históricas.
(E) nos dois contextos prevaleceu uma concepção de autonomia intelectual do sujeito.

53. Essa corrente socialista vê a classe trabalhadora como despossuída, oprimida e geradora da riqueza social sem dela desfrutar. Para elas, os teóricos imaginam uma nova sociedade onde não existam a propriedade privada, o lucro dos capitalistas, a exploração do trabalho e a desigualdade econômica, social e política. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 408)
De acordo com as concepções do socialismo utópico, as desigualdades sociais
(A) originam-se de diferenças naturais.
(B) são consequência da propriedade privada e do lucro.
(C) são fruto da vontade de Deus.
(D) são uma condição absoluta entre os homens.
(E) são geradas por diferenças entre os indivíduos.

54. O significado comum do termo romântico, que significa sentimental, deriva de um dos aspectos mais evidentes desse movimento, que é a valorização do sentimento, categoria espiritual que a Antiguidade clássica ignorara ou desprezara e que no romantismo adquiriu valor preponderante. Essa grande valorização do sentimento é a principal herança recebida do movimento sturm and drung, que constitui a tentativa de, através da experiência mística e da fé, superar os limites da razão humana, reconhecidos pelo Iluminismo. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
Sobre o movimento filosófico apresentado no texto, pode-se dizer que ele
(A) apresenta evidente continuidade conceitual com a república platônica.
(B) desvalorizou a importância das emoções na relação com o pensamento.
(C) considerou a razão uma força limitada e não absoluta.
(D) corresponde a uma revalorização da primazia da racionalidade iluminista.
(E) resgata elementos básicos do mecanicismo newtoniano.

55. As teses fundamentais do Positivismo são as seguintes: 1. A ciência é o único conhecimento possível e o único válido. (...) 2. O método da ciência é puramente descritivo, no sentido de descrever os fatos e mostrar as relações constantes entre os fatos. (...) 3. o método da ciência, por ser o único válido, deve ser estendido a todos os campos de indagação e da atividade humana; toda a vida humana, individual ou social, deve ser guiada por ele. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado)
De acordo com as concepções positivistas, o conhecimento válido é aquele que
(A) apresenta caráter privado, tal como ocorria nas modalidades alquimistas de saber.
(B) baseia-se em pressupostos metafísicos tal como os concebiam os escolásticos.
(C) significou uma ruptura radical em relação aos postulados mecanicistas cartesianos.
(D) pressupõe a existência do progresso em um sentido linear e acumulativo.
(E) entende a ciência como integração entre concepções racionais e místicas.

56. Horkheimer qualificava de subjetiva, por isso mesmo instrumental, a razão predominante na sociedade moderna, porque servia para encontrar os meios apropriados aos fins que, em última análise, visavam à autoconservação do sujeito. Para Horkheimer, a razão objetiva, e por isso mesmo autônoma, caracterizava-se pelo fato de conhecer fins mais amplos do que a simples autoconservação e se considerar competente para julgar o caráter razoável de tais fins. (Wiggershaus, Rolf. A Escola de Frankfurt - história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro, Difel, 2002, p. 376)
Segundo a concepção de Horkheimer, a razão
(A) é necessariamente instrumental e indiferente às finalidades das ações humanas.
(B) está subordinada somente ao domínio da natureza pela espécie humana.
(C) instrumental é aquela que realiza julgamentos éticos sobre as ações humanas.
(D) é uma faculdade humana unitária, não apresentando tensões ou contradições internas.
(E) se presta tanto a fins de autoconservação quanto a finalidades emancipadoras.

57. As características fundamentais do caráter fascista mostravam, pois, um apego muito rígido aos valores convencionais da classe média; o comportamento e a aparência exteriormente corretos, o ardor pelo trabalho, a limpeza, o sucesso, tudo isso associado a uma antropologia pessimista, que desprezava o homem, e com a tendência em acreditar em movimentos selvagens por todo o mundo e para temer por toda parte os excessos sexuais; um pensamento e uma sensibilidade preocupados, antes de mais nada, com a hierarquia, combinados a uma submissão às autoridades idealizadas de seu próprio grupo e ao desprezo por grupos externos desviantes, discriminados, fracos. (Wiggershaus, Rolf. A Escola de Frankfurt - história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro, Difel, 2002, p. 449)
Segundo essa definição, o fascismo
(A) é um fenômeno político indicativo de vulnerabilidade emocional a influências preconceituosas e agressivas.
(B) é um fenômeno histórico datado e ultrapassado, identificando-se com um contexto determinado histórico.
(C) é uma ideologia política relacionada a uma certa visão de mundo, sendo independente de inclinações emocionais.
(D) está associado a traços indicadores de autonomia intelectual e emocional bem como à exaltação da democracia.
(E) expressa modos de comportamento de respeito a diferenças de natureza étnica, de gênero e de nacionalidade.

58. O diagnóstico de Marcuse sobre a dialética da civilização era o seguinte: o conjunto da evolução da civilização até aqui caracterizou-se pelo fato de que a criação dos meios necessários para viver não era organizada com objetivo de satisfazer ao máximo as necessidades crescentes dos indivíduos, mas de tal forma que a vitória muito progressiva sobre a miséria misturava-se indissoluvelmente com os interesses da dominação, e deixava-se moldar por eles. (Wiggershaus, Rolf. A Escola de Frankfurt - história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro, Difel, 2002, p. 535)
Segundo a tese de Marcuse, a civilização
(A) identifica-se com um processo contínuo de progresso não-contraditório.
(B) está relacionada com o aumento da felicidade e expansão dos valores éticos.
(C) expressa-se como domínio da natureza não relacionado à luta de classes.
(D) apresenta tensões internas relacionadas com o conflito entre necessidade e liberdade.
(E) é um processo conduzido por uma racionalidade de natureza libertadora.

59. Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a histórica (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando o senso comum já não sabe o que pensar e dizer e as ciências e artes ainda não sabem o que pensar e dizer. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 17)
De acordo com essa definição, a filosofia
(A) apresenta-se como sabedoria de vida.
(B) é sinônimo de teologia.
(C) identifica-se com a reflexão crítica.
(D) manifesta-se como ideologia.
(E) identifica-se com uma certa visão de mundo.

60. Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem para si mesmas o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjetiva e social, a ética não é alheia ou indiferente às condições históricas e políticas, econômicas e culturais da ação moral. (Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 17)
Com base nessa definição, pode-se afirmar que a ética
(A) tem como pressuposto fundamental o relativismo dos valores.
(B) subordina-se necessariamente a valores religiosos.
(C) apresenta conotações que independem das relações humanas.
(D) apresenta pretensões universais do ponto de vista da sociedade que a institui.
(E) subordina-se a parâmetros científicos e cartesianos de conhecimento.

GABARITO:
21 - B
22 - D
23 - E
24 - A
25 - C
26 - A
27 - E
28 - D
29 - B
30 - C
31 - B
32 - C
33 - D
34 - C
35 - D
36 - E
37 - B
38 - E
39 - A
40 - A
41 - B
42 - E
43 - A
44 - B
45 - C
46 - A
47 - D
48 - B
49 - C
50 - E
51 - A
52 - D
53 - B
54 - C
55 - D
56 - E
57 - A
58 - D
59 - C
60 - D
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Professor de Filosofia - SEE/SP - VUNESP - 2012" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 07:58. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_prova.php?id=129