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Provas de concursos e vestibular

 
(11/Ago) Brasília de Minas - MG - COTEC - 2020
 
PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Questões numeradas de 01 a 10

QUESTÃO 01
Na obra Introdução à História da Filosofia, Hegel escreve que "o que devemos representar ao espírito é a atividade do pensamento livre; devemos representar a história do mundo no pensamento, o processo do seu nascimento e produção. Segundo uma antiga opinião, a faculdade de pensar é o que separa os homens dos brutos. Aceitamo-la como verdadeira. O que o homem possui de mais nobre do que o animal, possui-o graças ao pensamento: tudo quanto é humano, de qualquer forma que se manifeste, é-o na medida em que o pensamento age ou agiu. Mas sendo o pensamento o essencial, o substancial, o efeitual, dirige-se a objetos muito variados; pelo que importa considerar como mais perfeito o pensamento voltado sobre si mesmo, ou seja, sobre o objeto mais nobre que pode buscar e encontrar". Encontra-se nesse escrito de Hegel uma caracterização conceitual de Filosofia, o que ela é.
Seguindo essa manifestação do filósofo, identifique o que, para ele, a Filosofia não é:
A) O devir filosófico não é simplesmente um movimento passivo como imaginamos que seja o nascer do sol e da lua, movimento que se efetua sem contrariedade no espaço e no tempo.
B) A Filosofia é um devir, um movimento passivo como imaginamos que seja o nascer do sol e da lua, movimento que se efetua sem contrariedade no espaço e no tempo.
C) A Filosofia é o pensamento que a si próprio se encontra.
D) O conceito do fim da Filosofia deve ser estabelecido como fundamento.
E) A Filosofia é concebida como o espírito que exige a posse de uma representação geral do escopo e da finalidade do conjunto.

QUESTÃO 02
Na obra Introdução à História da Filosofia, Hegel expressou o seguinte juízo:
"Na realidade, porém, tudo o que somos, somo-lo por obra da história; ou para falar com maior exatidão, do mesmo modo que na história do pensamento o passado é apenas uma parte, assim no presente, o que possuímos de modo permanente está inseparavelmente ligado com o fato da nossa existência histórica. O patrimônio da razão autoconsciente que nos pertence não surgiu sem preparação, nem cresceu só do solo atual, mas é característica de tal patrimônio o ser herança e, mais propriamente, resultado do trabalho de todas as gerações precedentes do gênero humano."
Proposição: qual é a meta, segundo Hegel, do processo histórico?
Resolução: O verdadeiro protagonista da história é o Espírito (Razão/Ideia) e o fim que o move é a conquista da liberdade. A história é processo de desenvolvimento da liberdade. O que está em jogo nela é o progresso do homem na consciência de sua liberdade. Segundo Hegel, existem pequenos interesses, necessidades e paixões humanas que surgem a cada passo no cenário da história. A razão/Espírito faz com que esse interesse particular da paixão sirva de instrumento à realização do interesse universal. A isso Hegel chama de "astúcia da razão". Os grandes indivíduos e personagens históricos tais como Alexandre, César e Napoleão não tinham consciência de que os fins particulares que perseguiam eram momentos do fim universal da Razão. É o desenvolvimento concreto da ideia de Estado que conduz a História. Para Hegel, a instituição que assegura a realização/efetivação do fim a que se dirige a história, a liberdade, é o Estado. O Estado é o material com o qual se constrói na história o fim último do espírito/ideia. É a realização (efetivação) da liberdade, da união da vontade universal do espírito/ideia e da vontade subjetiva (particular/individual) dos indivíduos. Assim sendo, na dialética hegeliana, o pensamento se movimenta nos três momentos a serem identificados:
A) Tese (Negação): a história universal; Antítese (afirmação): as paixões e o egoísmo dos indivíduos; Síntese (Negação da Negação): a efetivação da liberdade do Estado.
B) Tese (Negação da Negação): a história universal; Antítese (Negação): as paixões e o egoísmo dos indivíduos; Síntese (Afirmação): a efetivação da liberdade do Estado.
C) Tese (Afirmação): a história universal; Antítese (Negação): a efetivação da liberdade do Estado; Síntese (Negação da Negação): as paixões e o egoísmo dos indivíduos.
D) Tese (Afirmação): a história universal; Antítese (Negação): as paixões e o egoísmo dos indivíduos; Síntese (Negação da Negação): a efetivação da liberdade no Estado.
E) Nenhuma das Alternativas Acima.

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QUESTÃO 03
Conforme Marilena Chauí, os principais períodos da Filosofia são datados e subdivididos como se segue: Filosofia Antiga (do século VI a. C. ao século VI d. C.); Filosofia Patrística (do século I ao século VII); Filosofia Medieval (do século VIII ao século XIV); Filosofia da Renascença (do século XIV ao século XVI); Filosofia Moderna (do século XVII a meados do século XVIII); Filosofia da Ilustração ou Iluminismo (meados do século XVIII ao começo do século XIX) e Filosofia Contemporânea (meados do século XIX até os dias atuais). Qual é a alternativa que não corresponde à caracterização do respectivo período filosófico?
A) Filosofia antiga: Compreende os quatro períodos da Filosofia greco-romana, indo dos pré-socráticos aos grandes sistemas do período iluminista.
B) Filosofia patrística: Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João. A patrística resultou do esforço dos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e dos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião – o Cristianismo.
C) Filosofia medieval: Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa. Teve como influências principais Platão e Aristóteles.
D) Filosofia moderna: Esse período é conhecido como o Grande Racionalismo Clássico.
E) Filosofia contemporânea: Abrange o pensamento filosófico que vai de meados do século XIX e chega aos nossos dias. Parece ser o mais complexo e o mais difícil de se definir, pois as diferenças entre as várias filosofias ou posições filosóficas nos parecem muito grandes porque as estamos vendo surgir diante de nós.

QUESTÃO 04
Considerando "Do mito à razão: o nascimento da Filosofia na Grécia Antiga", o que não corresponde, de fato, à passagem do "pensamento" mítico para o pensamento filosófico?
A) O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente; a Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
B) O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais.
C) O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra.
D) O mito não se importava com as contradições, com o fabuloso e o incompreensível; a Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulações e coisas incompreensíveis.
E) O mito dava explicação fabulosa, e a autoridade da explicação não vinha da pessoa que narrava, mas do pensamento mítico; a Filosofia exige que a explicação seja coerente, lógica e racional, além disso, a autoridade da explicação vem da pessoa do filósofo.

QUESTÃO 05
O Problema do Conhecimento em Platão: conforme Marilena Chauí, Platão distingue quatro formas ou graus de conhecimento, que vão do grau inferior ao superior: crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual. Para ele, os dois primeiros graus devem ser afastados da Filosofia - são conhecimentos ilusórios ou das aparências, como os dos prisioneiros da caverna – e somente os dois últimos devem ser considerados válidos. Identifique a alternativa que não corresponde às concepções de Platão quanto ao Conhecimento:
A) O conhecimento matemático seria a melhor preparação do pensamento para chegar à intuição intelectual das ideias verdadeiras, que constituem a verdadeira realidade.
B) Platão diferencia e separa radicalmente duas formas de conhecimento: o conhecimento sensível (crença e opinião) e o conhecimento intelectual (raciocínio e intuição) afirmando que somente o segundo alcança o Ser e a verdade.
C) O conhecimento sensível alcança a mera aparência das coisas, o conhecimento intelectual alcança a essência das coisas, as ideias.
D) Para Platão, o primeiro exemplo do conhecimento puramente intelectual e perfeito encontra-se na Matemática, cujas ideias se devem aos órgãos dos sentidos e não se reduzem a meras opiniões subjetivas.
E) O raciocínio treina e exercita nosso pensamento, preparando-o para uma purificação intelectual que lhe permitirá alcançar uma intuição das ideias ou das essências que formam a realidade ou que constituem o Ser.

QUESTÃO 06
Teoria Científica e Fé em Galileu: na obra História da Filosofia, volume II, "A revolução científica", – 6 "O drama de Galileu e a fundação da ciência moderna", Giovani Reale e Dario Antiseri, no subtema 6.6, "A incomensurabilidade entre ciência e fé", afirmam que: "Por um lado, Galileu teoriza a demarcação entre proposições científicas e proposições de fé, reclamando a autonomia dos conhecimentos científicos, que são comprovados e avaliados por meio da aparelhagem constituída pelas regras do método experimental ("sensatas experiências" e "demonstrações certas"). Mas, por outro lado, essa autonomia das ciências em relação às Sagradas Escrituras encontra justificação no princípio (que, em sua carta à senhora Cristina de Lorena, em 1615, Galileu diz ter ouvido do cardeal Barônio) de que "a intenção do Espírito Santo era a de nos ensinar como se vai ao céu e não como vai o céu". Apoiando em Santo Agostinho (In Genesim ad literam, lib. II, c. 9), Galileu afirma que "não somente os autores das Sagradas Escrituras não pretenderam nos ensinar a constituição e os movimentos dos céus e das estrelas, com suas figuras, grandezas e distâncias, mas também, estudando-se bem, embora todas essas coisas fossem conhecidíssimas deles, vê-se que ele se abstiveram". O conflito entre Ciência e Fé se acirra quando Galileu apresenta argumentos que fundamentam a sua tese em relação ao movimento físico dos astros e a sua Teoria Científica. São argumentos fundamentais apresentados por esse cientista da Renascença, devendo ser desconsiderado apenas:
A) Galileu admite, diante das Escrituras Sagradas, a sua força e o seu poder, dizendo que: "parece-me então que a questão dos efeitos naturais que a sensata experiência nos coloca diante dos olhos ou as demonstrações necessárias concluem que deve ser posta em dúvida.
B) Diz Galileu que Deus sentidos, discurso e intelecto: é por meio deles que podemos chegar àquelas "conclusões naturais" que podem ser obtidas "pelas sensatas experiências ou pelas necessárias demonstrações".
C) "A Escritura não é um tratado de astronomia."
D) Não é entendimento da Sagrada Escritura "nos ensinar se o céu se move ou está firme, nem se a figura é em forma de esfera, de disco ou estendida num plano, nem se a Terra está contida em seu centro ou de um lado".
E) Galileu chega a afirmar: "Parece-me que, nas disputas sobre problemas naturais, não se deveria começar pela autoridade de passagens das Escrituras, mas sim pelas sensatas experiências e pelas demonstrações necessárias.

QUESTÃO 07
Fichte escreve em Lições sobre a Vocação do Sábio, na segunda lição "A vocação do Homem na sociedade" que "o conceito de razão, do agir conforme a razão e do pensar é também dado no homem, e ele quer necessariamente não só realizar este conceito em si mesmo, mas vê-lo de igual modo realizado fora de si. Uma das suas necessidades é a de que, fora dele, existam seres racionais da sua espécie. Ele não pode produzir tais seres; mas põe o conceito dos mesmos na base da sua observação do não-Eu, e espera encontrar algo que lhe corresponda. O primeiro caráter, que antes de mais se oferece, mas simplesmente negativo, da racionalidade é a eficácia segundo conceitos, a atividade segundo fins. O que apresenta o caráter da finalidade pode ter um autor racional; aquilo a que o conceito da finalidade se não pode aplicar não tem nenhum autor racional. Mas esta característica é ambígua; a consonância do múltiplo desembocando na unidade é o caráter da finalidade; mas há várias espécies dessa consonância, que podem explicar-se a partir de simples leis da natureza – não justamente de leis mecânicas, mas sim orgânicas; por conseguinte, precisamos de um indício para, de uma experiência certa, podermos inferir com convicção para uma sua causa racional". Deriva daí o entendimento do filósofo quanto ao alcance do conceito de liberdade que, por sua vez, constitui a vocação do Homem na e para a sociedade, assim posto por ele: "Mas posso tornar-me consciente de que, numa certa determinação do meu Eu empírico mediante a minha vontade, não sou consciente de nenhuma outra causa além desta própria vontade; [...] É possível, neste sentido, tornar-se consciente de uma acção própria mediante a liberdade [...] Daqui brota, apoderando-me da terminologia kantiana, uma acção recíproca segundo conceitos; uma comunidade em vista de um fim; e tal é o que denomino de sociedade. O conceito de sociedade está agora inteiramente determinado".
Como se vê, entre os impulsos fundamentais do homem, depara-se com a exigência de admitir, fora de si, seres racionais da sua espécie; assim sendo, Fichte distingue e diferencia a sociedade do Estado. Assinale a alternativa que contradiz essa diferenciação feita por esse filósofo em relação à sociedade e ao Estado:
A) Ao admitir fora de si seres racionais da sua espécie como um impulso fundamental, o homem só pode admiti-lo sob a condição de com eles ingressar em sociedade.
B) O impulso social pertence, pois, às tendências fundamentais do homem. Este é destinado a viver na sociedade.
C) O Estado deve ser o fim último e absoluto do homem social.
D) Para Fichte, o homem não é inteiro e contradiz-se a si próprio, se viver isolado.
E) Para o filósofo, é importante não confundir a sociedade em geral com o tipo particular de sociedade empiricamente condicionado, que se chama Estado, pois a vida no Estado não se conta entre os fins absolutos do homem.

QUESTÃO 08
Há sempre quem pergunta qual é a função do filósofo em uma sociedade. Aliás, essa deve ser uma pergunta a ser posta pelo próprio filósofo ou pelo professor de Filosofia a si mesmo. Franklin Leopoldo escreve: "Platão – Mito da Caverna. Seria ocioso, na perspectiva da origem da filosofia, lembrar a inserção histórico-social do filósofo em relação à figura de Sócrates. É talvez o exemplo mais acabado do dimensionamento da reflexão filosófica pela sua finalidade social e é, ao mesmo tempo, o exemplo mais acabado de como este dimensionamento histórico-social do filosofar não implica absolutamente a exclusiva imediatez de um pensamento que exerceria reflexão apenas na exata medida em que a interiorização ou o contato do espírito consigo é condição da exteriorização e da submissão da reflexão ao caráter puramente circunstancial das necessidades primeiras e mais aparentes da vida política e da prática política. Pois dificilmente imaginaríamos um filósofo mais comprometido com a cidade, com os problemas da vida política e com o destino histórico dos seus concidadãos do que Sócrates. [...] É interessante notar que, quando a filosofia se lança nos seus inícios à interrogação sobre as condições universais do exercício da política, mantém-se no plano da indagação, da pergunta que se elabora a partir do horizonte da universalidade, sem perder o vínculo com a concretude da contingência humana. É sob o signo da universalidade que devemos primeiramente entender a condição do filósofo em Platão. E o Mito da Caverna nos ensina duas coisas igualmente importantes. É preciso fugir do mundo sensível, das sombras e dos fantasmas e encontrar fora da Caverna o verdadeiro mundo dos objetos e o sol que os ilumina no seu verdadeiro e autêntico ser. [...] Ensina-nos também que, uma vez contemplada esta fonte da verdade, o filósofo retorna à Caverna, onde sofrerá toda sorte de incompreensões por parte daqueles que têm as sombras como única realidade".
Sob essa visão fidedigna de Franklin em relação à função social do filósofo em Platão, observa-se a seguinte contraposição:
A) O filósofo deve ser o guardião da cidade, o condutor, o mantenedor da justiça que deve reinar.
B) No plano humano, o filósofo é o que apenas contempla.
C) Em Platão, toda a organização social está voltada para a existência contemplativa do filósofo: a rigidez da divisão de classes, o caráter seletivo da educação.
D) O filósofo é político se for educador, e a política do filósofo, a interferência no social, simbolizada pela volta à Caverna, caracteriza-se principalmente pela educação.
E) Para Platão, o fundamento da vida política deve ser retirado da esfera do contingente e colocado sob a égide da universalidade.

QUESTÃO 09
Auguste Comte (1798-1857), um dos maiores expoentes do positivismo, desenvolve a sua teoria filosófica no contexto histórico da modernidade para a contemporaneidade através do Cours de philosophie positive, "desmitificando" a ideia ou concepção de que a filosofia é a "grande ciência", a "ciência mater" ou a "ciência de todas as ciências". Em História da Filosofia Contemporânea, no Capítulo 6, subtema 3 "A filosofia como metodologia da ciência" , Sofia Vanni escreve: "Mas, para além deste objeto especial, isto é, constituir uma nova ciência, o Curso tem um objetivo geral: construir uma filosofia positiva. Pode-se perguntar se ainda haverá lugar para uma filosofia na concepção comtiana". Comte responde afirmativamente: "A filosofia não é o conjunto de todas as ciências, as quais, quanto mais progridem, mais exigem especialização, mas é o estudo das "generalidades científicas" (Cours, I, I, p. 27).
Esse estudo das "generalidades científicas" consiste em
A) afirmar a filosofia como ciência soberana, o conjunto de todas as ciências.
B) descobrir as relações e conexões entre as diversas ciências, para generalizar o conhecimento.
C) determinar o espírito de cada uma das ciências.
D) uma metodologia da ciência, uma lógica das ciências, diríamos hoje uma epistemologia não positiva.
E) Para Comte, a filosofia positiva é "o único meio racional verdadeiro para evidenciar as leis do espírito humano sem recorrer à lógica".

QUESTÃO 10
Ética da Virtude: Nunca a humanidade esteve tão carente de si mesma, de sua consciência ética para além dos discursos teológicos e ideológicos. Presumidamente, o avanço civilizatório cultural e tecnológico assegura uma concepção de humanidade eticamente virtuosa. No entanto, nos parece que a vida é outra coisa, que se resume às relações econômicas e de mercado, se não tivermos a certeza de que assim sempre fora. Há gritos por todo o planeta apelando pela preservação da natureza em sua totalidade, um apelo que, em última instância, tem como finalidade a preservação da vida da própria espécie humana. Nessa direção reflexiva, Stan Van Hooft nos ensina que “o substantivo "vida" é uma abstração. Ele denota uma condição biológica ou categoria que, seja na frase "reverência pela vida" ou "a santidade da vida, é ainda abstrata demais para entrar no discurso da ética da virtude. Como uma abstração, a noção de "vida" encaixa-se facilmente nos discursos da teologia e da moralidade. Porquanto esses discursos descrevem os nossos deveres em termos universais, objetivos e absolutos, eles só podem usar a linguagem generalista cheia de abstrações. Embora esses termos sejam importantes, especialmente quando debatemos direito e políticas públicas, eles não captam os momentos de envolvimento íntimo com o que é precioso e vulnerável nas situações concretas nas quais a virtude é demandada. A ética da virtude é particularista: ela fala de coisas específicas. Portanto, ao invés de falar da "vida", devemos falar de seres vivos em particular. Isso implicará divergentes compromissos com a ação quando nos aproximamos dos animais, da biosfera ou de outros seres humanos. E, nestes últimos, implicará respostas divergentes dependendo do ser humano diante de nós".
Hooft define o comportamento humano virtuoso apresentando proposições coerentes com o conteúdo do texto acima, sendo divergente apenas a seguinte proposição:
A) Os agentes virtuosos irão demonstrar respeito pelos seres vivos, admirar suas naturezas biológicas e tratá-los delicadamente.
B) Uma pessoa virtuosa irá responder a uma criança recém-nascida com amor e afeição, mas também haverá reverência pelo simples fato da sua existência como ser vivo.
C) Ser virtuoso o levará a ser sensível aos valores e necessidades de todos os envolvidos em situações particulares, a assumir a responsabilidade e a estabelecer o valor à vida que, nesse contexto, seja apropriado.
D) A virtude da reverência confere profundidade e qualidade à vida ética. Ela reconhece o valor e a importância daquilo com o que os agentes virtuosos têm de lidar no mundo.
E) Agentes reverentes se admirarão com os seres vivos e os considerarão valiosos em si mesmos. Eles serão coisas que devem ser utilizadas como meros instrumentos da nossa vontade e não valorizados por causa deles mesmos.

GABARITO:
1B
2D
3A
4E
5D
6A
7C
8B
9C
10E
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Brasília de Minas - MG - COTEC - 2020" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 23/04/2024 às 23:06. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_prova.php?id=272