Averróis (1126 - 1198)
Para Averróis, na filosofia de Aristóteles se encontra a mais alta verdade, sendo o filósofo grego um presente de Deus para auxiliar as pessoas a conhecer tudo que possa ser conhecido, em especial o conhecimento da verdade. A filosofia busca esta verdade através da razão, mas a razão filosófica para Averróis deve ser protegida e amparada pela religião, pois se tanto a filosofia como a religião buscam a verdade, não pode haver discordância entre as duas. Quando houver diferença entre as duas, o texto religioso deve ser interpretado utilizando-se dos instrumentos racionais da filosofia, porque na razão é encontrada a única verdade. As diferenças entre filosofia e teologia são somente diferenças de interpretação.
A religião dos filósofos é buscar conhecer tudo profundamente e esse é o melhor culto que eles podem manifestar a Deus: conhecer intimamente a sua obra. A filosofia deve se preocupar com investigações teóricas do fundamento das coisas e a religião deve se preocupar com as ações humanas.
Averróis divide a inteligência, o entendimento humano em duas partes, o intelecto potencial e o intelecto possível ou ativo. O intelecto potencial é a inteligência de cada ser humano, de cada indivíduo, e ele é potencial porque pode ou não se desenvolver, da mesma forma que podemos ou não ver as cores dos objetos dependendo se temos ou não luz. A luz que vai possibilitar o intelecto potencial desenvolver suas capacidades é o intelecto possível, que é uma emanação divina e nele se ligam todos ou outros intelectos.
Os conhecimentos produzidos por todas as inteligências humanas, por todos os intelectos potenciais, ficam acumulados no intelecto possível. A inteligência humana individual é uma fantasia, uma imaginação que é retirada do intelecto possível. A alma reflete em partes e de forma deturpada a inteligência suprema do intelecto possível. O intelecto ativo ou possível é como o sol que através dos seus raios ilumina o intelecto humano potencial e o possibilita ver todas as coisas em suas exuberantes cores.
Dessa forma, o conhecimento, a ciência, é eterna e não pode perder os seus componentes essenciais. A ciência é como o sol que ilumina todos os outros conhecimentos humanos. Os indivíduos com suas criações, conhecimentos e filosofias podem morrer, mas a ciência em si não morre, porque é universal e está conectada com todos os humanos.
Averróis nega a imortalidade da alma. Acredita ainda que o conhecimento da ciência é o único caminho para atingirmos a felicidade, o êxtase espiritual e religioso. A vida de todos os homens tem fim com a morte. E a alma humana nasce e morre com o corpo.
Sentenças:
- Quem conhecer melhor a anatomia e fisiologia humana, vai aumentar sua fé em Deus.
- Todas as religiões são criação humana equivalentes e por conveniência pessoal e pelas circunstâncias escolhemos uma.
- A mulher é um homem imperfeito.
- Na natureza nada é supérfluo.
- Quem fala sobre o que não é da sua conta, escuta o que não gosta.
- Conhecimento, estupidez, riqueza e pobreza não podem ser escondidas por muito tempo.
Averróis
Responsável: Arildo Luiz Marconatto