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Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)

Nietzsche define a vida como irracional, desumana, sem perspectiva, cega, marcada pela dor e pela destruição. A fuga dessa situação somente é possível através da arte, que dá força aos homens para dizer sim à vida.
A vida é pautada por dois instintos primordiais, o Dionisíaco que é marcado pela força instintiva, saúde, criatividade e pela paixão sensual, Dionísio é humano, vivo e em comunhão com a natureza. O instinto Apolíneo é sonhador, expressivo e moderado, Apolo é equilibrado e lúcido. Esses dois instintos estiveram unidos na arte trágica da Grécia pré-socrática, expressando a vida através do pessimismo trágico.
Para Nietzsche existem dois tipos de pessimismo, o pessimismo romântico, que é expresso pelas pessoas que renunciam à vida, pelos vencidos e pelos falidos. E o pessimismo trágico, que se manifesta nas pessoas que aceitam a vida, mesmo sabendo que ela é trágica e dolorosa.
Em Sócrates o instinto Apolíneo predominou e com ele a pretensão de que a razão vai compreender e comandar a vida. Com essa presunção da racionalidade a humanidade começou a decair. O cristianismo deu sequência a essa decadência da humanidade por colocar os valores e prazeres como pecado, para Nietzsche o cristianismo é o símbolo da mágoa e ressentimento contra o que é nobre na vida e na natureza. Esse ressentimento se expressa na moral dos escravos que encontra legitimação na metafísica. A metafísica pretende falsamente ser objetiva e elaborando um mundo superior reduziu o mundo natural, o único que existe, em vulgar aparência do que ele realmente é.
A moral dos escravos, através do ressentimento, se opõe a tudo o que é diferente dela, ou seja, combate o amor pela vida, pela saúde e pela força. A moral dos fracos e fracassados busca dar bons conselhos já que não pode dar maus exemplos. Na moral do ressentimento submissão e o sacrifício torna-se virtudes.
A decadência da humanidade, iniciada por Sócrates e continuada pelo cristianismo, só vai terminar com a morte de Deus. A morte de Deus vai extinguir os valores morais dos escravos ressentidos que fundamentam a humanidade. Essa morte vai libertar os homens das correntes do sobrenatural criadas pelos próprios homens. A libertação da metafísica que aprisiona os homens traz como consequência deixa-los sem pontos de orientação, causando o niilismo.
No niilismo não existem valores absolutos, nem ordem nem condução, existe somente o precipício do nada. Para o niilismo não existe um sentido ou significado para os acontecimentos do mundo, não existe a razão totalitária nem um fim coerente. O homem agora será governado pela vontade e vai ter que aceitar a si mesmo e a repetir-se. É no repetir-se a si mesmo que surge o eterno retorno da natureza universal e da vida.
Zaratustra profetiza o amor fati, que é a aceitação do eterno retorno das propriedades da vida e da natureza e a transvalorização da totalidade dos valores.
Zaratustra divulga também a chegada do super-homem que demonstra amor pela vida e vai gerar o significado da natureza, e assim o instinto Dionisíaco vai ressurgir como vontade de poder. O super-homem é um novo homem que vai destruir as correntes que o amaram, vai criar um sentido para ele e para a natureza. O super-homem vai além do homem.
Nietzsche defendia ainda uma visão crítica da história, que é quando olhamos para o passado como juízes demolidores e punitivos, prontos a destruir completamente os elementos que dificultam a realização dos valores próprios e atuais. Os fatos históricos são estúpidos, somente as interpretações teóricas desses fatos é que podem ser inteligentes.
Em geral a moral é um instrumento concebido para a dominação dos outros, e a moral dos fortes, aristocrática, surge como uma afirmação de si.

Sentenças:
- Quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo começa a olhar para você.
- O caminho das grandes coisas passa pelo silêncio.
- Alguns leem para não pensar.
- Não existem problemas puramente intelectuais.
- O filósofo pensa que todos os olhos olham para ele.
- Com as palavras não se chega jamais à verdade.
- As verdades são relações humanas que se fixaram.
- O homem tem uma tendência a se deixar enganar.
- O supérfluo é inimigo do necessário.
- Por mais rápido e longe que corremos, as correntes correm conosco.
- Não há fatos eternos nem verdades absolutas.
- O que não me mata me torna mais forte.
- Há homens que já nascem póstumos.
- O único cristão morreu na cruz.
- Em geral o estado tem medo da filosofia.
- Seu pior inimigo será sempre você mesmo.
- O mau é o bom da outra moral.
- Não há felicidade sem o esquecimento.
- O homem prefere querer o nada a nada querer.
- A humildade é como o verme que se retrai quando é pisado.
- Homens convictos são prisioneiros.
- Na vingança e no amor, a mulher é mais cruel que o homem.


Friedrich Nietzsche

Responsável: Arildo Marconatto

Como referenciar: "Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 24/04/2024 às 22:00. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=115