Lançamentos de livros

O que há de peculiar na atividade filosófica como forma de pensamento? O que se pode extrair da experiência do “repetido fracasso” da atividade filosófica em sua busca pela verdade?

Certamente há quem conteste esse veredito, reiterado, porém, ao longo da história, mesmo por importantes filósofos que ousaram, cada um a seu modo, tentar superá-lo. Mas nele reside um aspecto central do ceticismo antigo, do qual o professor Plínio Smith é um dos mais destacados especialistas neste país (bem como de seus desdobramentos, da antiguidade aos dias atuais). Esta não é, porém, uma obra de exegese filosófica. É um esforço de reflexão pessoal – levado a cabo de modo cuidadoso e instigante – em torno de uma gama de problemas legados pelo ceticismo antigo.

O autor inscreve-se, assim, em uma tradição de pensamento que tem encontrado nessa filosofia a vitalidade de um modo de pensar atual, como ocorre em obras de Robert Fogelin e, entre nós, Oswaldo Porchat. O modo como Plínio Smith o retoma é bastante original, tanto ao salientar os temas que julga relevantes para discussão (como a inserção da filosofia na vida quotidiana, a natureza da percepção, a crítica da precipitação filosófica no reconhecimento da verdade), seja pelas teses particulares que sustenta nos diversos artigos ora reunidos.

Provocativa, clara e bem escrita, esta é também uma obra de fácil acesso e merece ser saudada, não só pelo seu mérito próprio, mas ao convidar a atitudes reflexivas que não são exatamente comuns entre nós, entre as quais o debate de posições filosóficas pessoais.

Luiz Antonio Alves Eva