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Dicionário de Filosofia

Egoísmo
1. Termo criado no século XVIII para indicar a atitude de quem dá importância predominante a si mesmo ou aos seus próprios juízos, sentimentos ou necessidades, e pouco ou nada se preocupa com os outros. Platão já achava que o "amor desmesurado por si mesmo" é a causa de todas as culpas dos homens. Muitas vezes o Egoísmo foi considerado atitude natural do homem. Diz Kant: "A partir do dia em que o homem começa a falar em primeira pessoa, ele passa a pôr seu querido eu na frente de tudo, e o Egoísmo progride incessantemente, sub-reptícia ou abertamente. Aliás, antes de Kant, Adam Smith e os moralistas franceses tinham visto no Egoísmo uma das emoções fundamentais do homem. Vauvenargues, que chama o Egoísmo de "amor próprio", distingue-o do amor de si. Kant distingue três formas de Egoísmo: Egoísmo lógico, de quem não acha necessário submeter seu próprio juízo ao juízo alheio; Egoísmo estético, que se satisfaz com seu próprio gosto; Egoísmo moral, de quem restringe todos os fins a si mesmo e não vê utilidade no que não lhe traz proveito. Além dessas três espécies de Egoísmo, Kant distingue o Egoísmo metafísico, que responde negativamente à pergunta: "eu, como ser pensante, tenho razão de admitir, além da minha existência, também a de um todo de outros seres que estão em comunhão comigo?". A antítese entre Egoísmo e altruísmo e a predição do futuro triunfo do altruísmo são típicas da ética positivista. O positivismo cunhou a palavra altruísmo e, ao lado dos instintos egoísticos, admitiu a existência de instintos altruístas destinados a prevalecer com o progresso moral da humanidade. Por outro lado, Stirner e Nietzsche sustentaram a moral do egoísmo. Stirner chamou seu anarquísmo de Egoísmo absoluto, que consiste na afirmação de que o indivíduo é a única realidade e o único valor. Nietzsche por sua vez dizia: "O Egoísmo é parte essencial da alma aristocrática e por egoísmo entendo a fé inquebrantável em que outros seres devem sujeitar-se e sacrificar-se pelo ser que nós somos". Scheler deu a melhor caracterização do Egoísmo, distinguindo-o do amor de si ou filáucia. O Egoísmo, segundo diz, não se dirige ao eu individual como objeto de amor desvinculado de todas as relações sociais. O egoísta não se comporta como se estivesse só no mundo, mas está tão absorvido por seu eu social que se apega somente aos seus próprios valores ou àqueles que podem tornar-se seus. Essa atitude é o contrário do amor de si, dirigido principalmente aos valores por si mesmos.
 

Egocentrismo
Scheler designou com esse termo a atitude que consiste em confundir o mundo que nos circunda imediatamente com o "mundo" no sentido próprio do termo, ou seja, em atribuir ao ambiente imediato uma função universal ou cósmica. Com o Egocentrismo assim entendido Scheler refracionou o solipsismo, o egoísmo e o autoerotismo. O solipsismo é a atitude egocêntrica que preside à concepção dos objetos do mundo real; o egoísmo é o Egocentrismo em seu aspecto prático ou volitivo; o auto-erotismo é a atitude egocêntrica na vida amorosa.
 

Egologia
Segundo Husserl, a esfera própria do ego obtida mediante a epoché egológica, com a qual, no campo da experiência fenomenológica, se abstrai de tudo o que pertence aos outros eus.
 

Egotismo
Termo de origem inglesa, difundido no resto da Europa por Stendhal, que o empregou também no título das suas memórias autobiográficas. Essa palavra significa a excessiva importância concedida a si mesmo e às vicissitudes da vida pessoal, bem como a tendência a falar demais de si mesmo. No sentido de subjetivismo ou culto do eu, essa palavra foi usada por G. Santayana.
 

Eidético
Termo introduzido na filosofia contemporânea por Husserl a partir de Investigações lógicas para indicar tudo o que se refere às essências, que são objeto da investigação fenomenológica.
 

Eidos
Este, que é um dos termos com que Platão indicava a idéia e Aristóteles a forma, é usado na filosofia contemporânea especialmente por Husserl para indicar a essência que se torna evidente mediante a redução fenomenológica.
 

Ejeção
Termo criado por G. Clifford para indicar as sensações dos seres diferentes de nós, que nunca podem ser diretamente objeto de nossa consciência, sendo portanto projeções da consciência. O termo foi empregado também por Romanes e por alguns outros.
 

Ek-stase
Heidegger e Sartre chamaram de Ek-stase (no sentido literal do termo êxtase, "estar fora" ou "sair") as três determinações do tempo, passado, presente, futuro, porquanto cada uma delas se move ou caminha para a outra, o presente para o passado, o presente para o futuro, o futuro para o presente. Heidegger diz: "A temporalidade é o originário fora de si em si e para si. Nós chamamos de Ek-stase da temporalidade os fenômenos caracterizados como futuro, passado e presente". Em seguida, Heidegger viu nos Ek-stase temporais as manifestações do Ser. Analogamente Sartre fala da "relação extática interna" como da "fonte da temporalidade".
 

Elã vital
Segundo Bergson, é a consciência que penetra a matéria e a organiza, realizando nela o mundo orgânico. O Elã vital passa "de uma geração de germes para a geração seguinte, por intermédio dos organismos desenvolvidos, que funcionam como traço de união entre os germes. Conserva-se nas linhas evolutivas entre as quais se divide e é a causa profunda das variações, pelo menos daquelas que se transmitem regularmente, que se adicionam e que criam espécies novas". A formação da sociedade, antes fechada e depois aberta, a religião fabuladora e a religião dinâmica, segundo Bergson, são os produtos ulteriores do mesmo Elã vital, ou seja, da consciência.
 

Eleatismo
Doutrina da escola que floresceu em Eléia entre os séculos VI e V a.C, formulada por Xenófanes de Colofão, elaborada por Parmênides e seguida e defendida por Zenão e Melisso. Os fundamentos dessa doutrina são os seguintes: 1º unidade, imutabilidade e necessidade do ser, expressa pela frase: "Só o ser é e não pode não ser"; 2º acessibilidade do ser só para o pensamento racional e condenação do mundo sensível e do conhecimento sensível como aparência. Esses dois princípios do Eleatismo foram um componente importante da filosofia grega posterior, especialmente de Platão e Aristóteles, e constituíram uma das alternativas que se repetiram com mais freqüência na história da filosofia.
 

   

 
 
Como referenciar: "Dicionário - E" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 16:04. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/vi_dic.php?pg=1&palvr=E